quinta-feira, 16 de abril de 2009

"DIVAGANDO...a las cinco de la tarde!..."

Pelas cinco definiu o resto do dia...
Enconchar-se, hibernar...fazer-se morta!
Quando o céu cinzento, indefinido, é mais aconchegante do que um sol castigador que traz ao de cima tudo...as olheiras, o rosto de expressão baça e distante, as toneladas que lhe passeiam pelo corpo e lhe pisam a alma...bom, então algo está realmente mal!

Olhou para a tela que há dias já, se lhe despejara à frente.
Numa tela branca sempre se projecta tudo...a cores, a preto e branco, o enfoque no que se quer esquecer e a desfocagem dos sonhos que o foram...
Uma tela branca por vezes incomoda, cola-se-nos à pele, e as sombras chinesas, insistentes, adoram as telas brancas.

A tarde virou cinzenta, da cor do cansaço. Virou rubra da cor da raiva e nunca mais foi verde da cor da esperança que fugidiamente a preenchera.
Apercebeu-se que não é mais a mesma. Apercebeu-se que a crisálida nunca mais soltou ao mundo, as cores, a liberdade, o sonho... das asas da borboleta.
Apercebeu-se que o arame não tem nunca rede por baixo, que a lotaria da vida não há mesmo forma de a presentear...

Apercebeu-se com mágoa que começa a moldar-se aos tempos de passagem.
Apercebeu-se que a inocência pagou juros demasiado altos, e foi embora.
Apercebeu-se que o acreditar no que seja, já não enriquece o seu léxico.

E "a las cinco de la tarde"...desistiu de se sentir viva...

Anamar

Sem comentários: