sábado, 19 de junho de 2010

"ERA UMA VEZ..."




                 "Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra.
                   Era uma vez a gente que construiu esse convento.
                   Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes.
                   Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido.
                   Era uma vez."
                               (in "Memorial do Convento )


   Era uma vez, José Saramago, nascido  na Azinhaga, Golegã, falecido a 18 de Junho de 2010 em Lanzarote, Canárias, cujo corpo chegou há pouco ao aeroporto de Figo Maduro em Liboa.
Não vou alongar-me em dissertações sobre a figura de Saramago, Prémio Nobel da Literatura, no ano de 1998.
E não me alongo, porque tudo será escalpelizado pelos mídia neste momento.
Membro convicto e assumido do Partido Comunista Português, por quem sempre deu a cara, numa coerência que lhe custou por vezes dissabores, ateísta confesso, o que também lhe conflituou a relação com a Igreja, Saramago, era escritor, contista, poeta, dramaturgo, argumentista e sobretudo, como referi, um homem de uma coerência, de uma coragem e de uma verticalidade invejáveis, o que deve, por todas as razões, orgulhar-nos, como cidadãos portugueses que somos!...

De facto, "Saramago, ou se ama ou se odeia!!!i ( penso que esta definição é a correcta para a sua personalidade)...

Deixo aqui um pequeno excerto mais circunstanciado, mas obviamente sucinto, da sua biografia, que me foi  enviado por um amigo destas lides da Net, e a quem agradeço.

Saramago nasceu em Azinhaga, no Ribatejo, de uma família de pais e avós pobres. A vida simples, passada em grande parte em Lisboa, para onde a família se muda em 1924 – era um menino de apenas dois anos de idade – impede-o de entrar na universidade, apesar do gosto que demonstra desde cedo pelos estudos. Para garantir o seu sustento, formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico. Entretanto, fascinado pelos livros, à noite visitava com grande frequência a Biblioteca Municipal Central - Palácio Galveias na capital portuguesa.




José Saramago no Festival Internacional de Filmes de San Sebastián (segurando a tradução em língua persa do seu livro Ensaio sobre a cegueira.
Autodidacta, aos 25 anos publica o primeiro romance Terra do Pecado (1947), mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e permaneceu até 1970 - nessa época, Saramago era funcionário público; em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986, ao lado da qual continua a viver. Em 1955, começa a fazer traduções para aumentar os rendimentos – Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros autores a quem se dedica.

Anamar

2 comentários:

Merryl disse...

Saramago deixa um grande vazio, fica a obra grande à qual podemos sempre voltar. Mas não poderemos mais ter o prazer de descobrir um novo livro dele.Senti o mesmo quando Vergílio Ferreira morreu.
Bjs.
Merryl

anamar disse...

Merryl
Só há uma frase que traduza o sentimento da maioria dos portugueses: Portugal ficou mais pobre, mas cada um de nós que leu e continuará a ler Saramago, certamente mais rico!
Obrigada e um beijinho para ti
Anamar