domingo, 10 de janeiro de 2021

" DE TUDO UM POUCO ... "


A mata recebeu-me com flores, o sopro agreste do vento gélido, e silêncio. 
Silêncio quase total dos pássaros nas ramarias.  Um recolhimento óbvio, confirmava que muitos terão partido em busca de amenidades, coisa que não temos de todo por aqui. 
Contudo, nem todos foram.  Na mata, os melros descarados parecem sentir-se perfeitamente à vontade, pulando de galho em galho nas árvores, agora já só troncos, despidas que estão totalmente, da última folhagem.
Mas a mata já se anima com as primeiras flores do ano.  De facto, as azedas, as vincas e as flores dos aloés vera, começam a colorir o cenário, até aqui entristecido e macambúzio, adormecido e silencioso, da estação que atravessamos.

Resolvi percorrê-la hoje, no regresso de uma caminhada em que só parte do rosto se expunha à intempérie.  Desde gorro de malha, cachecol, blusão, calças sobrepondo-se a leggings ... todo o equipamento obviava a que eu sentisse o mínimo de frio possível.  De facto, mesmo com o passo estugado, no ritmo de aceleração possível, nunca o calor se concentrou muito no meu corpo.
Tem estado quase intransitável, enlameada com as chuvas que este ano não têm arredado.  Esse facto "empurrou-me" para o que eu chamo de itinerário alternativo de Inverno, que não aprecio por atravessar a zona urbana, no meio de prédios, estradas e carros.  Assim, hoje, porque nestes últimos dias não tem chovido e tem soprado um vento potenciador da secagem dos caminhos, resolvi ir espreitar para tentar perceber se pelo menos em parte, poderei retomar o percurso habitual.
Felizmente fui agradavelmente surpreendida, e até que os céus voltem a despejar lá de cima, cântaros e mais cântaros de água, voltarei à mata !!!

Estamos outra vez a passar um período angustiante e aterrador, no panorama pandémico, no nosso país.
Os números de novos casos, diariamente contabilizados, são da ordem de mais de dez mil infecções, os óbitos já ultrapassam a centena, sendo que se esperam cerca de dois mil e quinhentos no mês de Janeiro. Pelo menos são valores veiculados pela comunicação social.
O país está em vias de entrar num novo estado de emergência, como o que vivemos no passado mês de Março, início da pandemia.  Assim sendo, ficaremos totalmente confinados, ou seja, totalmente encerradas todas as actividades e serviços à excepção das lectivas já que o governo não considera o encerramento das escolas.  

Neste momento eu sinto um clima de insegurança e desconfiança com a exploração de informações contraditórias.  É sugerido por algumas facções políticas que este apertar das medidas profilácticas, está revestido duma intencionalidade premeditada, no sentido de, ao abrigo desses regimes excepcionais, se limitarem as liberdades e os direitos individuais dos cidadãos, e poderem ser aprovadas determinadas decisões governamentais que de outra forma não teriam legitimidade.
Simultaneamente à crise sanitária, a crise económica que se abate sobre todos, nomeadamente em alguns sectores sociais, está a alastrar a pobreza e a miséria sobretudo nas classes média e baixa.  Existe muita gente já, a passar sérias dificuldades na gestão do seu dia a dia. 
Este panorama é infelizmente geral pelo mundo todo !

Entretanto as vacinas estão aí. As primeiras remessas estão a ser aplicadas nos grupos de risco que constituem a população dos lares e residências séniores e nos profissionais de saúde.
Opiniões contraditórias também, nesta área, se abatem diariamente sobre todos nós.
Assim, a polémica sobre o que está por detrás da comercialização das vacinas, o que verdadeiramente gira nos bastidores das farmacêuticas com os grupos económicos poderosos a liderar um mercado em desespero ( já que se considera que elas são em si a derradeira esperança na contenção deste flagelo ), está instalada.
E o cidadão comum, sem meios pessoais de defesa nem orientação possível na formação duma opinião credenciada e isenta, sem conhecimentos reconhecidos na área, mergulhado num caldo de informação eventualmente tendenciosa alguma, sem  que lhe traga uma tranquilidade objectiva ... é um mero peão num tabuleiro do xadrês !
O "disse que disse", as notícias alarmistas e falsas em oposição às correntes pró-vacinas de cientistas e especialistas nas várias áreas associadas à pandemia, formam um cocktail explosivo nas nossas cabeças,
e deixam-nos perfeitamente "à nora" sobre a escolha que deveremos privilegiar para nossa protecção individual, quando chegar a nossa vez de opção.
Pessoalmente, e até prova em contrário, não sou dada a acreditar em maquiavelismos ou decisões menos transparentes, ou teorias conspirativas servindo interesses menos claros.  Acredito em boa fé, que genericamente em todo o mundo, quem tem feito um esforço de dimensões sobre-humanas para pôr cá fora em tempo record vários tipos de vacinas, algumas já aprovadas pelas organizações responsáveis de saúde mundial e já a serem aplicadas na população ... só pode estar a lutar com toda a seriedade possível em benefício da humanidade na devastação da catástrofe que se abate sobre o planeta.
Contudo, também sabemos como por vezes há medicamentos retirados do mercado após anos e anos de utilização, por contra-indicações e efeitos secundários detectados, ainda que a sua prescrição clínica existisse há largo tempo.
Daí que as minhas objeções, ou melhor, as minhas dúvidas se prendam exactamente ao tempo de testagem das vacinas e do receio de efeitos nefastos que possam acarretar, de acordo até com a especificidades de cada organismo, e que só mais tarde venham a ser detectados.
De acordo com um simulador da DGS disponibilizado à população, eu só virei a ser chamada para a vacinação, pelo mês de Abril.  Até lá, espero ter tempo útil para fundamentar uma opinião que me seja mais tranquilizante.

E pronto, este meu post é um mix de estados de alma, é um aliviar da pressão explosiva que sinto dentro de mim ... é afinal, de tudo um pouco sobre a realidade que se vive ... a que eu vivo ao dia de hoje, nos primeiros dias do primeiro mês  do primeiro ano da década de vinte, aqui e agora ...

Anamar

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