sexta-feira, 10 de outubro de 2008

AS "ESTAÇÕES" DA VIDA...






Na segunda feira passada houve um "descalabro" atmosférico, como talvez se lembrem.
Chuva e mais chuva, vento e mais vento, céu de chumbo, alerta no país quase todo.
O primeiro dia à séria, de Inverno, diria eu, não fosse a temperatura, que apesar do desconforto, não era excessivamente baixa ainda, lembrando que afinal o Verão não foi embora há muito...

Nas minhas deambulações diárias atravessei o jardim público da terra onde vivo e pasmei com o espectáculo que me era oferecido.
Pasmei...também não sei bem porquê...porque nada tinha que não fosse esperável...
E apesar de triste talvez, era lindo!

O jardim é ornado nos limites por plátanos ou castanheiros bravos...penso que sabem ao que me refiro.
Nesta altura do ano, estas árvores de folha caduca já detêm poucas folhas ainda verdes presas nos troncos, quais esfinges esquálidas e nuas.
Afinal, o Outono está instalado...

Mas na segunda feira, o vento que soprava lembrando um secador "endemoninhado", encarregava-se de fazer um "despenteado" total na copa das frondosas árvores.
As folhas de plátano, de ocre vestidas, voavam pelo ar em cascatas, e no chão o tapete dourado adornava-nos o caminho encharcado da chuva.

É uma imagem de algum abandono e solidão, sem dúvida, a que nos fica quando um ciclo parece fechar-se e a promessa de uma espécie de hibernação, de letargia ou sono profundo se anuncia.
Há um "recolhimento" na natureza, há uma espécie de epifania anunciada, uma espécie de "maturidade" declarada...

É muito belo um jardim no Outono, com as alamedas cobertas das cores do sono e do intimismo.
Os tons pastel dos dourados aos castanhos, passando pelo cobre ou pelo vermelho ferrugem, são cores providencialmente quentes, com que a natureza parece proteger-se da rudeza alva do frio da neve, do gelo, da chuva, da estação que se avizinha.

São jardins de passagem rápida e não de paragem...

Os bancos estão desertos, os pássaros recolheram, as flores desapareceram há muito...
Já não há crianças a brincar, já não há idosos a contar "estórias", já não há casais a namorar...Os "elementos" escorraçam os transeuntes dos jardins de Inverno, em dias de intempérie...

Mas, como dizia Pessoa, que parafraseei lá atrás, "Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol...ambos existem, cada um como é..."

Então, o Outono é tão belo quanto a Primavera que passou... e o Inverno próximo, será tão belo quanto o Verão que já foi...
Na natureza, como na vida...acreditemos e agarremos essa ideia com as duas mãos...

Todos existem...cada um como é!...

Anamar

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