sábado, 11 de outubro de 2008

"A ESTRANHA ADAPTABILIDADE DO SER HUMANO"




Subi agora da rua, do tal "pequeno-almoço" desregrado, mais desregrado ainda por ser sábado.
Um dia absolutamente "chocho", com um tempo dormente de cinzento, "amodorrado" de quente, pesado de silêncioso...
A "minha gaivota" anda por aqui...sinal de que, lá p'rás bandas dela se anuncia borrasca...
A metereologia fez previsões de mau tempo no fim de semana...

Entre o pão com queijo e o galão, li um artigo num suplemento jornalístico, que me deixou alguma perplexidade. Não que tratasse de algo novo ou desconhecido;
bem ao contrário e infelizmente, referia-se tão só, a tanto nosso sobejamente conhecido, mas sempre perturbador...
O título aposto era qualquer coisa como "Sederot, a cidade mártir".

Sederot é uma localidade israelita,a 72 Km de Telavive, situada perto da fronteira com a faixa de Gaza.
Sederot é uma cidade, que os rockets palestinianos não poupam diariamente e várias vezes ao dia.
Sederot é uma terra, onde há uma vida normal dentro da anormalidade.

As pessoas trabalham, as crianças vão à escola, jogam à bola nos jardins, convivem...
Certamente confraternizam pelas razões comuns dos comuns dos mortais, brigam, amam-se, enfim...vivem ou sobrevivem sem nunca saberem se chegam ao fim desse dia, se estarão a entabular a última conversa com o vizinho, ou a marcar o último golo no jogo com os amiguinhos...

Altifalantes de aviso, instituem o alerta vermelho, frequente e sistematicamente, quando os rockets são disparados do outro lado, e a população tem vinte e dois segundos para procurar refúgio nas habitações dos "kibutz" ou nos abrigos existentes para o efeito.

22 segundos...pode ser a fronteira de separação entre a vida e a morte, entre o sonho e o pesadelo, entre o tudo e o nada!...

E no entanto...miraculosamente, diria, o poder de adaptação do ser humano, permite que estes seres sobrevivam acreditando que vivem...
Coexistem com o medo e o terror, anestesiadamente, quase já imunes ao instituído...

Estão muito sós e entregues ao seu próprio destino comum...
Familiares não aparecem por medo, a liberdade de movimento é relativa, a rotina, ou aquilo em que se tornaram os seus dias...assombrada!

E teimam em pintar a cores o que é cinzento e negro...teimam em conferir normalidade ao que é violência e incerteza...teimam em desmistificar o pavor, colorindo com desenhos infantis as paredes dos refúgios...os rockets que lhes "salpicam" o chão...

"Adaptabilidade"....
O ser humano adapta-se a tudo!...

Sempre se ouve dizer: "Tudo se ultrapassa, embora se pense que não...".
"Tudo se suporta, embora pareça faltarem forças..."

Entretanto...

"70000 portugueses sofrem de Alzheimer"...
"As doenças do foro mental crescem exponencialmente e desencadeiam padecimentos do domínio físico, porque o Homem tende a somatizar fisicamente os sofrimentos emocionais"...
" A depressão leva ao suicídio em Portugal, mais de um milhar de pessoas por ano..."
" A angústia, a insegurança e a ansiedade são causa de baixa produtividade de fracção significativa de cidadãos"...

"Adaptabilidade"...SERÁ??!!...

Anamar




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