domingo, 12 de dezembro de 2010

"O SOL DA ALMA"





Dou por mim a pensar há quanto tempo eu não solto uma boa gargalhada....ou até mesmo se alguma vez o fiz.
Daquelas gargalhadas que vêm da alma, não da garganta ou de outro lado qualquer...

Lembro pessoas que até hoje têm gargalhadas de dar gosto nos meus ouvidos. Lembro a Inácia, colega de escola, de gargalhada fácil e inconfundível e lembro a gargalhada troante, à dimensão de quem a soltava, em plena sala dos professores....a gargalhada da Tininha, professora de história e que muitos talvez já não lembrem.
Partiu há muitos anos, mas o seu "logotipo", a sua imagem de marca, essa gargalhada, ficou por ali mesmo, na sala dos professores, e ainda por lá está, para quem consegue ouvi-la.
A Tininha era assim aquele "mulherão"...grande, alta, forte....e a sua gargalhada era de gosto igual.

Não me lembro , ao longo da minha vida de rir abertamente. Havia quem tivesse ternura pelo meu esboço de riso, em que parece que timidamente vou soltá-lo,  pedindo desculpa por o fazer, como se, nesta vida, esse "brinde" do riso solto e fácil, não fosse para mim...."Eu era chamada da menina do sorriso tímido", em que ele ainda estava a começar a soltar-se-me dos lábios, e já eu à pressa o agarrava para não o deixar vogar pelo espaço.

E no entanto as pessoas são unânimes em dizer (e eu também sei ver fotos), que eu fico bonita quando rio naturalmente, mas também sei que o riso se calhar é uma iluminação que vem da alma....e a minha tem as pilhas fundidas, de certeza....

E todos os dias se recebem emails, frases, pensamentos, máximas, das mais variadas entidades, filosóficas, espirituais, religiosas, apelando ao sorriso como uma fonte de saúde e de vida.
Eu leio, mas acho tudo aquilo uma "chachada", pura demagogia,  princípios metidos à calçadeira, entendem?.
Ele é o Dalai Lama, ele é o Xico Xavier, a Madre Teresa de Calcutá....e muitos outros....e tudo aquilo me soa a "postiço"....ou então é mesmo a minha incapacidade para lá chegar. Eu nasci em Novembro e realmente a minha personalidade está sempre mais para a mornidão destes dias de céu cinzento de neve, de cores entre os dourados, os castanhos e os vermelhos, de alamedas de jardins vazias, com folhas arrastadas pelo chão molhado, para o isolamento e a introspecção.
Uma pessoa com estas raízes no peito, não é seguramente de riso fácil...

Tenho algumas razões objectivas de vida que de facto, não me trazem alegria, gargalhada, sorriso fácil ao rosto. Mas não posso tornar a vida carrasca disso mesmo, porque afinal , seguramente, todos nós teremos dias de verão e de inverno, e no meu caso, como não canso de afirmar, continuo a achar o balanço positivo, apesar de sempre estar na borda da cratera do vulcão. É o meu estilo!...

Vou procurar restruturar-me interiormente, vou procurar não me sentir "atontada" se em vez do cenho fechado passar a desanuviar o rosto...Deve alegrar mais os outros....e a mim, fazer-me menos rugas.....rsrsrs!!

Anamar

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