quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

" BURRA, EU ... NÃO ???... "


Sou uma pessoa cheia de contradições.
Por um lado considero e acredito que tenho uma mente aberta, um espírito meio louco, posturas e atitudes bem "à frente" ... mas depois, sinto que sou "cristalizada" e irredutível, em muitos aspectos da vida, se calhar naqueles em que deveria ter uma maleabilidade e uma disponibilidade mental, maiores.
"Empanco" um bocado em certas ideias, e nem que me abrissem os miolos para mos rechearem de novo, eu assimilaria outras convicções.

Já aqui falei muito, nas técnicas, ou terapias "manipuladoras" da mente humana.
Reparem que coloquei "manipulador" entre aspas, porque estou a despir o conceito, de toda a carga pejorativa que lhe é normalmente associado.
Eu utilizo "manipular", no sentido de "mexer", "manusear", "modificar" com isenção de má fé.
Nesse sentido, e na linha de postagens anteriores, considero ter-se classicamente, para quem necessita, mas necessita mesmo em termos terapêuticos, de uma mente varrida, questionada, repensada, reorientada, reflectida ... os profissionais de saúde adequados, contra os quais nunca fui reticente, e sempre fui receptiva : os psiquiatras e os psicoterapeutas.
Admito que o ideal seja uma equipa consonante destas duas especialidades, porque efectivamente, os distúrbios e desorganizações mentais, são, antes de mais, um problema de saúde, e como tal, passível de tratamento com químicos.
Depois, há toda uma "arrumação" psicológica que não se faz com medicação, mas se faz com a catarse individual, a reflexão que é feita entre o especialista e o doente, a reformulação mental, mercê da questionação das causas, das origens, de toda a nebulosidade que está lá atrás, e sempre está na razão do confusionismo situacional, do indivíduo analisado.

Não é uma actuação dirigista, nunca é dirigista, nunca o psicoterapeuta aponta caminhos, ou dá "instruções", mas sempre encaminha a mente do paciente, na busca reflexiva, das razões, das causas penalizantes e indutoras do mau-estar, da incapacidade, do sofrimento, da angústia, das fobias, do "sentir-se perdido", e consequentes desequilíbrios associados.
Pelo repensar pessoal do seu próprio "filme", a auto-consciencialização das situações, a percepção e a compreensão dos factos, o indivíduo passa a ser  agente da sua própria mudança.

Até aqui, tudo bem !

Provavelmente, porque estes domínios caem no foro científico, eu os aceito pacificamente, nunca fui céptica em relação a eles, e atesto a sua eficiência.

Onde é que a minha mente se "fecha", digamos assim ?
Onde é que a minha maleabilidade mental, eu diria, a minha paciência, ou a minha aceitação, falham?

Pois, falham em todo o tipo de terapias ditas paralelas, que pelo menos em relação a mim, não funcionam, porque logo à partida, as acho falaciosas, as acho ingénuas, as acho "atrevidas".
Em "uso caseiro", que é como quem diz, de mim para mim ... as acho parvas, e acho que fazem de mim parva, ou mais parva ainda !!
Dou por mim a rejeitar liminarmente leituras ditas de auto-ajuda, pensamentos ou máximas muito louváveis, mas que me atravessam sem deixarem lastro,  as terapias milagrosas importadas de civilizações que aprendemos a descobrir e a copiar indistintamente, sem que vivamos contudo nessas realidades, ou tenhamos crescido nesses valores  ( o feng shui, todo o cardápio de massagens, cujos nomes só por si não dizem nada, mas que sempre fazem bem a qualquer coisa, a cromoterapia, aromaterapia como sinónimo de resolução de problemas, o shiatsu  - cuja formação se adquire mais depressa, que diploma académico de alguns políticos ... ) ... toda a gama de quiromancias ... o coaching, que é mais um dos modismos a que o ser humano deita as mãos, como os náufragos que somos todos nós, em mar alto ... todas as orientações que embora bem intencionadas, me levam a dizer-me : " sendo assim tão simples e óbvio, todos seríamos sumamente felizes ... "

Porque se se tratasse de uma receita tomada de acordo com posologia própria, tudo seria extremamente fácil de cumprir, e de obter resultados.
A questão é que a mente humana não é um jogo de peças colocáveis aleatoriamente ;  a forma de ser e sentir de cada indivíduo, foi forjada, é forjada diariamente, por uma panóplia de vectores agressivos, contraditórios, pouco claros na maioria das vezes, desde o domínio do racional, ao afectivo e ao emocional,  condicionados por interesses de ordem social, familiar e pessoal.

Obviamente se sabe, que fazendo as mesmas coisas da mesma forma, nunca nada se alterará no percurso de cada um.
Repetindo os mesmos registos, ou seja, agindo de forma igual, não se  podem  esperar  resultados  diferentes ...
Os mesmos caminhos levam aos mesmos destinos, e se se têm objectivos diversos, deverá  fazer-se a revisão da matéria, e aplicá-la de outra forma.
Tudo isto é teoria, faz sentido, e tudo isto é exactamente o que não sei fazer.
Por isso, refiro a minha falta de maleabilidade, a intolerância, a estratificação, a cristalização ou mesmo a fossilização da minha maneira de pensar e ver o mundo, e a minha inabilidade a vivê-lo ...
Provavelmente, a minha substancial e crescente estupidez ... dirão muitos, se me lerem ...

Sinto em mim, de facto, um desinteresse feroz, um cepticismo profundamente instalado, em relação a todo este menú de mezinhas,  que acho que valem tanto, quanto ir a Fátima , ir à bruxa, ou à cartomante ...

Moral da história ... não critico que cada um se defenda nesta vida, usando as tácticas que lhe façam sentido e para si resultarem, agarrando as convicções que lhe interessarem, seguindo os trilhos em que acredite ... se conseguir com isso, ser  feliz ...
Não faço juízos de valor, se o efeito psicológico é para muitas pessoas efeito de placebo, para se enquadrarem, para simplificarem a conturbação mental, para resolverem o que as atormenta, para que lhes seja devolvido o equilíbrio ...

Eu continuo no mesmo marco da estrada, dando por mim, ao ler textos como este que aqui aponho, atribuído a Chaplin ... inveteradamente a dizer :
 " Que  lindo !...  Pois  ... Tudo  como  dantes  no  quartel  de  Abrantes " !...
Nem na loja dos chineses se vendem  tão  louváveis intenções !!!

Burra, eu !!!...  Não ???...

                      " Luta com determinação
                        Abraça a Vida com paixão
                        Perde com classe 
                        Vence com ousadia ...
                        
Porque o Mundo pertence a quem se atreve, e a vida é muito, para ser insignificante " !!!...

                               CHAPLIN

Anamar

2 comentários:

F Nando disse...

Sempre essa mente inquieta e atenta a tudo o que a rodeia...
Burra tu?
Um NÃO absoluto!
Beijinho

anamar disse...

Ahahah !!!

Não estou tão certa assim, Fernando.
Como sempre, benevolência tua, olhos teus ... enfim...coisa de amigo NÃO ISENTO !!! ( sempre o coração fala, quando gostamos de alguém)

Beijinhos, obrigada e bom fim de semana.

Anamar