sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

" SINAIS DOS TEMPOS, TAMBÉM ... "



Um  pôr-de-sol  lindo sobre o horizonte ...
Estamos naqueles dias "laranja", a que Fevereiro, eu diria, quase tradicionalmente  nos habituou.
Laranjas e luminosos, porque este sol de Inverno que irradia depois da tempestade, da escuridão e da tormenta do Inverno, tem a particularidade de ser assim ... claro, cintilante, resplandescente.
Os nossos olhos, também, sequiosos do seu retorno, são generosos na sua apreciação ... que eu sei !

Ontem abordei a impessoalidade crescente, que preside às relações humanas, nos tempos actuais.

O Homem, está efectivamente a ser dominado pela tecnologia e pela sofisticação das máquinas que  ele próprio criou.
Nitidamente, o "artista" a ser "trucidado" pela sua obra !...
Não sou exactmente  um  "Velho do Restelo", mas impressiona-me, incomoda-me e faz-me reflectir, a constatação de situações, em que a essência do ser humano é preterida, pelo menos dispensada, da sua função de interveniente das mesmas.
A vertente dita  "humana", em toda a sua globalidade, está na verdade, a ser marginalizada diariamente, desconsiderando-se aquilo que distingue o Homem, das máquinas ... a sua vertente emocional  e espiritual, que nunca poderiam ser subvalorizadas em situação alguma.
O Homem criou as máquinas, criou toda uma panóplia de instrumentos, com vista a facilitarem-lhe a vida, com vista a ajudarem-no, a servirem-no ... mas seguramente não com vista a ser ultrapassado por eles ... e é o que está a acontecer.

Ontem, como disse, falei-vos numa "agência matrimonial virtual", chamemos-lhe assim, em que por mera utilização de um banco de dados de perfis personalísticos,  são propostos pares para relações afectivas, com base nas compatibilidades desses perfis.
Dessa forma, privilegia-se a parte prática da coisa.

"Gastando" pouco tempo, qualquer homem ou mulher, encontra uma lista de indivíduos do sexo oposto, com fortes probabilidades, de, consigo formarem o par perfeito ...
Substitui-se assim, fácil, fácil, a primeira etapa de um relacionamento : a descoberta, o conhecimento sempre novo e gradual, as pequenas coisas encantatórias, que iniciam um romance, e em que, pelo menos acertando ou errando ... ( mais errando que acertando ), se inicia uma relação com "gente" !...
Gente de carne e osso, de sangue, lágrimas, calor, coração, mente e alma ...
Na situação em apreço, as pessoas  são simplesmente servidas numa bandeja, são simplesmente pratos de um cardápio, apresentado ao hóspede na mesa do restaurante, que este olha, aponta o dedo e escolhe ...
Tudo a frio, tudo impessoal, tudo com tecnologia de ponta !...

Estou aqui a imaginar o executivo, sentado na secretária da multinacional onde trabalha, rodeado de telefones, computadores e todos os "gadgets" imaginários .... mergulhado até ao pescoço nas tarefas profissionais ... óculos sem aros, com que se compõe habitualmente a figura, nó da gravata lasso, o casaco do fato, cuidadosamente colocado nas costas da cadeira ... a chamar a sua  assistente  e  a dizer-lhe :  "Por  favor .... mande  vir  a  "lista" ... Preciso  de  uma  companheira  na  minha vida !..."

Bom ... e que dizer da chamada e já tão tristemente vulgarizada, "produção independente" ?
O "projecto de mulher-mãe", que decide ter um filho por conta própria, e que não reunindo na sua vida, condições afectivas adequadas, olha ao seu redor, corre mentalmente a lista de amigos e /ou conhecidos ... estende igualmente o dedo, e diz para  os seus botões :  "Este  aqui,  até  nem  estava  mal  para  ser  o  pai do  meu  filho " !...
Convirá obviamente, que seja alguém que preste o "favor biologico", e que previamente tenha aceitado as condições de prescindir de qualquer exigência, obrigação ou laço, para com a criança  "em fabrico" ... já que essa criança será apenas "filha da mãe " !...

Estaremos  perante  seres humanos, ou bichos ? ( pergunto  eu  p'ra  avacalhar  a  coisa )
E os  laços parentais,  comprovadamente  necessários  ao  desenvolvimento  saudável  e  equilibrado  de uma  criança ?  Onde  ficam?  E a  figura  de  referência  paterna ... onde  está ?!...

E  há  também, os "bancos  de  esperma",  e  depois,  igualmente  as  "barrigas de aluguer" ... vertentes diferentes, da  tal  demissão  do  ser  humano,  como  interveniente  e  protagonista  de  papéis, dos quais jamais  poderia  prescindir ...

Estes, alguns exemplos preocupantes, que me ocorrem ...

A  dispensa,  a  omissão,  a  negligência, daquilo  que  apenas  o  Homem  pode  propiciar, a  "humanização" da sua própria história ... e  que  só  ele  pode  introduzir,  que  nenhuma  máquina  faz, que  nenhuma  revolução científica  ou  tecnológica  resolve ... constituem, do meu ponto de vista, aberrações gravíssimas, demonstram  a  sua demissão ( enquanto  detentor  exclusivo  de  mais-valias  intrínsecas,  que  nada  nem ninguém  conseguem  substituir ) ... e terão seguramente consequências altamente gravosas, nas gerações e nas sociedades do Futuro !

Gostaria muito, e desafio as pessoas que me lêem, a exporem os respectivos pontos de vista, sobre assuntos tão sensíveis quanto estes.
Cabeças diferentes, pensam de formas diferentes, e as verdades não são absolutas ... bem pelo contrário. Acresce ainda, que este tipo de preocupações actuais e pertinentes, creio,  por certo se terão já colocado a muitos de vós !  Obrigada.

Anamar

3 comentários:

Anónimo disse...

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A sociedade cada vez mais impessoal e mais virtual. Nada substitui o afago de um abraço o toque na pele...
Beijinho

anamar disse...

Fernando

Pensamos igual, aqui também ...

O ser humano deverá estar muito acima, e manter-se insubstituível por tudo o que por mais evoluído e desenvolvido, jamais conseguirá ser simplesmente ..."gente"

Beijinho

Anamar