sábado, 2 de fevereiro de 2013

" O CAUDAL QUE NÃO PÁRA "



Custo a deitar fora as agendas de um ano para o outro, até mesmo de uns anos para os outros.
Copio telefones, contactos e apontamentos necessários, e guardo a agenda, sempre para deitar fora depois.
Na agenda, registo amiúde, pequenos textos sobre este ou aquele acontecimento que ocorreu, e que foi importante.  E são esses textos que depois releio, folheando, um ano, ou anos depois.
Dou por mim a pensar : "Como  foi  o  meu  primeiro  de  Fevereiro do  ano passado ?  Estaria feliz ? Mais triste ?  Como era o estado de espírito, que as palavras deixam escapar ? "

E acontece com muita frequência, que "revejo" com nitidez absoluta, esta ou aquela ocorrência ;  revisito os locais, oiço os sons, sinto os cheiros, vejo as tonalidades do que me cercava, e conto as batidas cardíacas que me assaltavam ... há um ano atrás, às vezes mais ...
É uma visita guiada, que muitas vezes me emociona, me deixa saudosa, nostálgica, sofrida ...
Se mais não for, porque consciencializo que o tempo correu, correu depressa demais, inevitavelmente, o que me instala um desespero que não consigo explicar.

Sabem quando se tem uma ruptura de um cano, donde a água jorra sem conseguirmos estancá-la ?
E desesperamos a tentar tamponá-la, embora no seu caudal ela vença as barreiras e corra indiferente ?
Até que desistimos, porque percebemos que não teremos sucesso, porque ela sempre irá continuar a correr, indiferente ao nosso desespero, e à nossa impotência ?

Assim eu sinto este jorrar de dias, de meses e de anos.  Sinto-o como alguma coisa que jamais conseguiremos parar, e que verte, insensível à nossa luta e ao nosso esbracejar, até perdermos o último fôlego.
E o que é facto, é que com ela, caminha muito de nós, esgota-se muito do melhor que nós temos.
Partem  os  sonhos  e  as esperanças, parte o ânimo e a fé em que alguma coisa de bom possa ainda acontecer ...
Com ela, esbate-se muito do que nos matou lá atrás, é verdade, mas some também muito de gratificante e doce, que já foi, afinal, e que não mais se recupera ...  porque escoou simplesmente, como a água em torrente, rumo ao mar, onde irá perder-se no meio de toda aquela infinitude ...
E a pessoa que nós fomos, vai também, porque as marcas psicológicas determinam as físicas, sem nenhuma dúvida !
E o ser humano perde tanto tempo das suas vidas !   Desperdiça-o  negligentemente,  por  desvalorização, ou  simplesmente  por  irreflexão !...

Quando estamos no meio da estrada, nem sequer no início ( porque aí há uma visão deturpada, "naïve" e inconsciente, do que isto é, na verdade ),  acreditamos que nada mudará.
Parece tudo só acontecer aos outros, tal a pujança física e emocional que experienciamos.
É o tempo da consolidação das vidas, dos sonhos.
É o tempo das conquistas, o tempo em que a semente deitada na terra, está em crescimento, para que os primeiros frutos surjam daí a pouco, e o Outono nos premeie com as grandes colheitas, aquelas que julgamos merecer, pelo esforço e aposta investidos.
Nesse período, nada nos acontecerá, pensamos.  Somos invencíveis, os "maiores", podemos tudo .  Podemos, na medida dos nossos sonhos, e esses, são imparáveis e imbatíveis.

Mas a jornada não pára.  A "torrente" continua sem estancar, e segue, parece que cada vez mais rápido, à medida que a foz espreita lá ao fundo.
As ilusões começam a mostrar que são isso mesmo, meras ilusões, e que talvez não seja bem assim, como nós imaginávamos ...

É quando começamos a valorizar as pequenas coisas da vida.
As pequenas, que quanto mais pequenas são,  maiores  parecem ser.
É quando a alma pede aconchego, o coração ... bordão !
É quando um canto, uma lareira, o céu, o sol ou a chuva, o calor do Verão ou o vento cortante da invernia, bastam ...
É quando um cólo doce que nos aninha, basta ...É quando as águas do ribeiro a gorgolejarem, ou a batida enfurecida das ondas nos rochedos,  lá  na  areia,  nos  embalam  ao  dormir,  e  velam  o  nosso  sono ...
É quando um braço que envolve os nossos, tem a força, a  robustez e a segurança,  de um tronco secular ...
É quando as lágrimas e os queixumes, mesmo tolos e inconsequentes, sentem arrego e secam em gargalhadas, só porque a trilhar o mesmo destino, temos lado a lado, quem fala a nossa língua também ...

Essas  são as pequenas / grandes coisas que nos ficam !...

Com elas, "tamponamos" de alguma forma, a tragédia que é a "correnteza" vertiginosa ;  com elas, estancamos o desespero do escuro que nos desce da solidão, e do desamparo ;  com elas, palmilhamos, com um pouco mais de conforto, a vereda em que se tornou o nosso caminho ;  com elas, dividimos ao meio, o peso do carrego ...

São elas que nas noites frias nos aquecem, e nos dias em que as folhas douradas e vermelhas de Outono já espreitam nas ramadas, nos abrigam, para os primeiros gelos do Inverno, que virá despir as árvores, à nossa porta !!!...

Anamar

2 comentários:

Anónimo disse...

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