domingo, 18 de agosto de 2019

" TENHO PRESSA !... "





Agosto já dobrou o meio.  Setembro espreita, com o reinício da vida habitual.  É a época das ruas se voltarem a encher com a miudagem a caminho das aulas, é altura das estradas se voltarem a encher de trânsito em horas de ponta, porque o grande regresso já foi, e a normalidade das vidinhas de sempre, é retomada.

Entretanto o tempo atmosférico tem sido muito pouco generoso neste Verão descalibrado e meio louco.  Dias pardacentos com calor doentio, névoas e neblinas dissuasoras da orla marítima para quem aprecia as águas que eu considero sempre geladas, vento e mais vento, chuvas súbitas depois de um dia solarengo, várias estações no mesmo dia ... Tudo à molhada, sem se perceber muito bem afinal, em que época do ano estamos ...
Hoje o dia está coberto de nuvens que a meteorologia chama tecnicamente de "quebrados", sem que eu perceba muito bem o que isto quer dizer.  Aqui e ali, há rasgões por onde espreita um azul de céu limpo por detrás, e está modorrento.  Quando digo modorrento refiro um tempo "amachornado" dizia a minha mãe ( adulterando o vocábulo "amadornado" ... esse sim, existe no léxico português ), mas que significa, meio "trovoado" ... outra expressão de um amigo meu ... Abafado, sonolento, parado ... Está assim a Natureza.
As pessoas dizem ... "parece que vem lá trovoada, o que era bom, para limpar" ...

Limpar, precisava eu o resto dos miolos que me sobram ...
Constato que não demora é Natal, e ainda ontem o foi !
Constato que como nunca, o tempo se esfuma e se esgueira por entre os nossos dedos, sem que consigamos agarrar sequer, um minuto da sua corrida.  Impressiono-me, particularmente este ano ( mas parece que de ano para ano piora ), com a celeridade com que estamos a chegar ao nono mês de 2019 ...
E angustio-me.  Parece que quero fazer tudo a correr, parece que quero viver tudo a correr, parece que quero alcançar vivências da forma  mais plena e gratificante possível, do futuro que me está destinado.
Tenho consciência absoluta da precariedade da vida do ser humano, e mais ainda da fatia com qualidade, que a mesma me possa ainda dispensar.
O que nos rodeia impõe-nos pensar nisso mesmo.  O que vemos à nossa volta, no círculo de amigos e conhecidos, na terra em que vivemos, no mundo que pisamos ... leva-nos a ter pressa, aquela pressa que sinto dentro de mim e que me sussurra ao ouvido, que distrair-me não posso, dar-me ao luxo de desperdícios também não ... alienar sonhos, por simples que sejam ... menos ainda !
É urgente viver, aqui e agora, este e todos os momentos ... antes que acabem ...
Lembro aquele menino, frente a um gelado tamanho XL, que saboreia com pressa e sofreguidão ... porque ele está ali, a derreter à sua frente ! ...

Em Novembro irei passar o meu aniversário fora de Portugal.  Lá longe, distante de premências, angústias, aquelas realidades do dia a dia, nem sempre felizes, que nos derrubam por aqui ...
E ... "longe da vista ... "  o resto, já sabem...
E já faço olhinhos, não muito tempo depois, a outro destino que adivinho carismático, sonhador e certamente marcante e indelével : uma viagem à Lapónia, em busca da terra do Pai Natal.
E antes que se acabe ... porque qualquer dia, com as alterações climáticas absurdas e agressivas a que o planeta está sujeito ... não mais teremos as estepes geladas do Ártico, as coníferas em floresta cerrada, os musgos e os líquenes, os passeios de trenó puxados pelos huskies  e pelas renas, as bebidas quentes e confortantes nos paradores, e com sorte, o céu aceso pelas seguramente inesquecíveis auroras boreais !...

Desejo ter saúde e sorte para cumprir estes desideratos.  Como sabem, eu sou um espírito inquieto.  Sonhos não me faltam.  Sempre estou, e não estou por aqui ... Espiritual  e mentalmente, não tenho parança !
Afinal, tanto mundo p'ra conhecer, com tão pouco tempo para o fazer !...
Tenho pressa !...




Anamar

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