sábado, 11 de julho de 2009

"A BABILÓNIA É AQUI MESMO..."

O ser humano não se entende...

Decididamente, na sociedade actual, com os valores coexistentes, o ser humano está cada vez mais de costas voltadas entre si.
As linguagens são cada vez menos inteligíveis, os códigos de conduta, de comunicação imperceptíveis ou desvalorizados, os seres estratificados em opiniões, posturas de irredutibilidade ou fundamentalismos extremos.

As pessoas são detentoras das suas "razões", de que dificilmente abdicam, sequer discutem, são donas e senhoras de verdades absolutas de que não prescindem, arvoram-se insensivelmente conhecedoras de valores cujo conteúdo não é sequer passível de uma discussão académica...

As pessoas estão autistas, teimosas, fazem-se de "surdas-mudas" por comodismo.

Pais não entendem filhos e vice-versa, namorados toleram-se depois da "chama" extinta (a maior parte das vezes pela incapacidade de uma análise calma, objectiva e correcta das situações menos boas), casais constituídos defendem os seus "redutos", por falta de tolerância, maleabilidade, incapacidade dialéctica...até amizades se rompem por situações mal resolvidas, mal interpretadas, nunca esclarecidas...

Está-se a criar uma sociedade sem diálogo, espartilhada numa solidão e num individualismo atroz, em que o sofrimento cresce exponencialmente à falta de solução para estes "cancros" afectivos.

Sim, porque são "pechas" ou lacunas de afecto que estão na base desta construção excessivamente musculada do ser humano.
São convicções inabaláveis, raramente susceptíveis de alteração. Parece que o Homem sente, que fazer inversões nas suas posições é sinal de fragilidade.

A vida "corrida" e "anónima" da grande cidade e das "colmeias humanas", potencia de facto, o isolamento, o "salve-se quem puder", a falta de maleabilidade das mentes e dos corações...

Que é feito das tertúlias calmas e agradáveis entre conhecidos e amigos nos cafés, nos locais de encontro, nos serões junto às lareiras, sem horas, onde, saboreando um bom vinho, tudo é abordável, tudo se analisa, tudo se discute "na boa", sem hostilidades ou ofensas, porque sempre opiniões diferentes trouxeram luz à discussão??!!

Não há tempo, não há vagar, as pessoas estão escravizadas pelos relógios, pelas rotinas, pelas responsabilidades.
Ou então, não estão sensíveis à questão, porque...têm as suas opiniões formadas, estão fossilizadas em convicções, quantas vezes por teimosia nunca estremecidas, ou têm mais o que fazer no escasso tempo de que dispõem...

Se este é o panorama do nosso "quintal", das nossas relações, do nosso pequeno "mundo", como poderemos sonhar que no Mundo gigante que nos alberga, povos tão diferentes uns dos outros, com valores e interesses tão diversificados, se entrelacem, dêem as mãos, comummente se entendam??!!

Será isto sinal de avanço e civilização, ou de regressão e desrespeito instalado??!!...

Anamar

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