
E de repente, às quatro da manhã dei em ter medo da morte...
Ela já rondava por ali.
Sentia o roçagar das suas asas pela penumbra da casa;
não eram bem asas...lembravam-me mais as alares dos morcegos nas grutas da Regaleira.
Era medo real que me tolhia, uma estranha sensação de desconhecer o tão naturalmente conhecido, a inabilidade de lidar com ela...
Estranho...absolutamente estranho...
Não queria fazer barulho, não queria acordar nada que me chamasse do quarto para fora.
No corredor persistia o escuro da noite. Um peso oprimia-me a respiração e um nó apertava-me mais e mais a garganta...
Uma entidade estranha pairava por ali...anunciava-se já, com horas de antecipação...
Lembro bem, com clareza...era um medo real!
O tique-taque do relógio, nítido no silêncio absoluto, fazia compasso com as minhas pulsações...
Tomara que fosse manhã, tomara que a madrugada chegasse depressa, que depressa eu tomasse de uma vez, aquele cálice venenoso de fel puro, acre e corrosivo que me esperava, à medida que a areia se extinguia na ampulheta do destino...
30 de Julho...hoje, como há dezassete anos...tal e qual...
Por cada vez que "ela" passava, o calafrio do seu toque deixava-me um arrepio no corpo todo, como se a sua capa negra me envolvesse também...
E ainda não eram cinco da madrugada...
Anamar

3 comentários:
Meu Deus...dezassete anos depois ainda uma data marcante...
Temos de tomar um cafézinho....
beij
Maria Romã
Sempre o será...
Há dezassete anos, num 30 de Julho, ensolarado como hoje, a morte também marcou encontro comigo, na primeira GRANDE perda da minha vida...a morte do meu pai.
Temos de tomar um cafézinho...
Beijo
Anamar
Olá Ana
Mandei-te uma música para ti por mail.
Um beijinho
Fernando
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