quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"AS CONVERSAS SÃO COMO AS CEREJAS!...."


"Linhas paralelas são aquelas que por mais que se prolonguem, nunca se encontram"  (ensinaram-me p'raí na segunda classe, no tempo das reguadas e das "orelhas de burro"...) exactamente o que pensei ao ver esta foto deslumbrante.

É evidente que hoje, um bocadinho mais crescidinha, sabendo mais qualquer coisita de Matemática, sei o que estou a ver na imagem e a interpretá-la.
E também os nossos putos de hoje em dia, os putos dos game boys, das "consolas", das playstations, dos iPods, dos Nintendos, não se deixariam baralhar das ideias, se os quiséssemos confundir com a foto e a definição de "linhas paralelas"...

Bom, mas eu juro que esta associação de ideias está perfeitamente anárquica...porque, imaginem (eu não sei porquê), e não tem rigorosamente nada a ver, olhei para a quietude que esta foto inspira, de um caminho em paz, num itinerário tranquilo, rumo a um local que certamente será de serenidade...e fui lembrar exactamente, uma viagem que fiz em 2005, aos "Picos da Europa"...
A única similitude, que direi, atravessa as duas situações, só poderá mesmo ser, essa paz, essa natureza pródiga e bela que não regateia soberania pelo agreste impetuoso das suas montanhas, com picos ainda pintalgados de neves perpétuas, com as pradarias verdes dos vales a perder de vista, junto aos lagos Ercina e Enol, planuras de pastoreio de vacas sonolentas, cabras saltitantes, sobrevoadas pela  rainha da montanha, a águia real, ou outras "rapaces", como os asturianos dizem.

O Santuário de Covadonga, talhado no rochedo, a pique, impõe-se grandioso aos nossos olhos, por razões religiosas ou outras...
Cangas de Oniz, com a sua ponte romana erigida em honra a D. Pelayo que viria a ser rei dos asturianos, tendo conquistado Espanha aos muçulmanos, tem dependurada  uma cruz, relíquia do Santo Cruxifixo .

Perto, fica Fuente Dé  e o seu teleférico, que nos transporta a 2000 m de altitude, donde a abrangência da vista é esmagadora.
O rei Pelayo está, aliás, enterrado na chamada "cova", que faz parte do Santuário de Nossa Senhora de Covadonga, padroeira das Astúrias.


Essa minha viagem, pela qual deambulei espiritualmente enquanto escrevia, culminou num local de que já vos falei num outro post anterior - Puebla de Sanábria. Muito perto já de Portugal,é uma vila que pertence ao município espanhol de Zamora.
Já é referenciada desde o Século VII, linda de calcorrear...com os seus balcões e telheiros em madeira,  repletos de flores, muitas flores!...
    Alberga o maior lago de água doce da Europa, visto que, estando no sopé dos Picos, recolhe a água do degelo dos glaciares das montanhas.
Esta viagem começou, se bem me lembro, por causa das "linhas paralelas" ou não....Quanta loucura!!!

Sim, porque ela termina exactamente num ponto de encontro, em que segundo a lenda medieval, convergiam todos os caminhos, as estradas, que de qualquer ponto do Mundo, levavam os "caminheiros de Santiago", até à Basílica para orar.
Munidos exclusivamente de um bordão,  de uma concha para beberem água das nascentes e de uma cabaça,  em sinal de pobreza e despojamento, calcorreiam a pé todos os caminhos que os separam da Basílica.

São por isso chamados os "caminheiros de Santiago"...

É NESTE ESPÍRITO QUE O CAMINHO NÃO É UMA PROVA DE VELOCIDADE,  OU DE DESTREZA FÍSICA...MAS ANTES, A PROPOSTA DE UMA CAMINHADA INTERIOR, COM ESPAÇO PARA O CONVÍVIO, DIVERSÃO E LAZER!...

E AFINAL EM QUE É QUE FICAMOS QUANTO AO PARALELISMO  DAS LINHAS??!!.....RSRSRS

Anamar 
 

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