É um pouco parecido ao estado de espírito dos miúdos, em noite de Natal, quando esperam com alguma impaciência recolhida, a hora da distribuição das prendas, sabendo de antemão que qualquer um dos embrulhos lindos, que estão junto da árvore, contem um presente, seja o seu ou não....

Existe naquela árvore da VIDA, um presente para mim, um presente sem o qual eu não vivo...um presente, que dei anos da minha vida, para alcançar...
Só que um lapso na distribuição das prendas, fez com que aquele brinquedo sem o qual eu "morria", não era afinal para mim, e o equívoco foi corrigido...
Aquele brinquedo, que eu já sentia meu por direito, foi parar às mãos de outra menina..
Eu é que acreditara poder merecer aquele presente!...
Deixaram que eu o usufruísse por breves instantes, e quando convictamente brincava em paz com ele....arrancaram-mo das mãos...
Eu era feliz, ou julgava que o era, na posse daquele presente, que eu escolhera e me escolhera...
Mas essa felicidade foi ilusória, efémera...e fiquei a vê-lo ir noutros braços que não os meus, para outro mundo, que não o meu...E vi-me sozinha, junto a uma árvore de promessas, no meio da vida, e eu, magoadamente alvoroçada, percebendo que a festa acabara, e as minhas mãos ficaram vazias...
Este é um conto de Natal, triste, com uma árvore já de luzes apagadas, uma sala já vazia, repleta dos papéis rasgados que enfeitaram mistérios e ilusões, as fitas e os laços já sem brilho...e comigo, apenas uma lágrima teimosa, de uma dor indisfarçável, de uma ilusão perdida... de um desgosto que nunca se perderá...
Anamar
1 comentário:
O meu problema era outro: compravam para os outros (os de fora) e para mim...nada.
beij
Maria Romã
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