quinta-feira, 18 de junho de 2020

" FESTA DA AMIZADE "



Nesta anormalidade quase já normal que vivemos ( já nem conseguimos surpreender-nos com nada ... ), resolvi desafiar duas amigas, daquelas de toda a vida.
Amigas, meio amigas quase irmãs, de quarenta, cinquenta anos ... por aí ... daquelas que a vida nos oferece de bandeja, no virar de uma esquina, num qualquer acidente de percurso ... Que chegam, e depois nunca mais partem das nossas vidas !
Até porque nós nem íamos deixar ... era o que faltava !!!

Não podemos nunca esquecer que os amigos são a "família" escolhida, e são eles que, quando os nossos ancestrais vão partindo, nos ficam à cabeceira ...
São eles que nos escutam, quando os acontecimentos que nos atravessam o caminho, nos tentam derrubar ... são eles que nos limpam as lágrimas e nos dão colo, se os desgostos nos invadem e amarfanham ... são eles que nos amparam quando parece não haver luz nenhuma nas estradas a percorrer ... e o cansaço nos atormenta ...
Mas é também com eles que dividimos as alegrias, que rimos, brincamos e partilhamos momentos que por serem tão especiais, se tornam eternos ...
E foi um desses momentos, a tarde em que confraternizámos ontem.

Desafiei duas amigas, dizia eu, a fazermos um almoço juntas, num local que conheço e que sei seguro, com respeito por todas as regras do desconfinamento, na preservação da segurança individual de cada uma de nós.
Em torno de um caril de gambas com frutas, de um copo de branco bem fresquinho e de umas farófias tão inexpugnáveis quanto as muralhas encasteladas das fortalezas mouriscas, nem demos pelo tempo passar, tão animada era a conversa, tanta a necessidade de nos contarmos como estamos a viver todo este pesadelo, como tentamos superar as dificuldades que parecem ser cada vez maiores, tanta a cumplicidade que advinha de uma partilha de histórias que foram as nossas, e vividas tão de perto ao longo dos tempos ...
Os assuntos fluíam naturalmente, porque a linguagem era a mesma, a forma de estar e sentir também, as inquietações identificadas e conhecidas, as angústias partilhadas sentidas da mesma forma ...
As nossas actividades profissionais eram comuns, e como tal, reabrir o baú das recordações, foi gratificante, doce e saudoso ... mas também divertido e mesmo hilariante !
Porque lembrar as histórias, os momentos, os episódios ... até as pessoas que já partiram ... nos aquecia o coração ... nos levava numa viagem de regresso lá atrás, a tempos e a vivências inalienáveis e inesquecíveis ...

A tarde passou, por isso, muito rápido.
Resolvemos, para registar este encontro tão particular e feliz, fazer uma selfie de recordação pela reabertura da vida, pela saída da clausura total e pela esperança em melhores dias.
E na celebração que chamámos de Festa da Amizade, jurámos para breve, a repetição de outro "programita"  assim divertido ... porque a vida é curta e nunca sabemos até quando nos deixarão andar por aqui !...



Anamar

Sem comentários: