sábado, 17 de julho de 2010

"A MINHA CASA"

A minha casa é uma casa sem alma ; está tudo demasiado arrumado, demasiado estagnado, demasiado imóvel...

Um dia destes, a Lena dizia-me que a minha casa não têm fluência de energias...
O meu ex-marido dizia que era um "museu"...
Eu sinto-a como eu, quieta, estática, adormecida...se calhar morta...

É bonita a sua decoração, pelo menos eu gosto dela, clássica, fui eu que a escolhi, era uma casa onde viviam quatro pessoas...mas hoje, efectivamente não tem vida, "calor"...poucas pessoas entram, poucas saem, eu própria, de toda ela, frequento quase a tempo inteiro o meu quarto, onde reuni "as minhas comodidades", televisão, DVD, o PC, música, um sofá debaixo de um candeeiro de leitura ...e a cama, onde neste momento da minha vida passo grande parte do tempo, enroscada...

Depois, de lá vê-se Sintra, na linha do horizonte, vê-se a minha gaivota, quando por aqui circula, vê-se e sente-se a tempestade no Inverno, que normalmente é deste lado que fustiga a janela, e agora, vê-se o sol que se despede de mim todos os dias, naquela meia hora de silêncios e mistério, que já vos contei, em que não me mexo, só contemplo, não querendo perturbar o "milagre"...

Tudo está nos sítios, ninguém desarruma, as coisas têm lugares cativos.

Às vezes não percebia por que há pessoas que têm por hábito trocar as coisas de sítio, de local...e dizem que gostam de fazê-lo...Eu não entendia, e pensava "se estava tão bem como estava, agora ficou pior, para quê mexer?"'
Mas as pessoas só diziam que gostavam de o fazer...nunca me explicavam porquê...
Talvez agora eu perceba melhor. Dinamismo é vida...e eu, se calhar já estou  morta sem saber!

A minha relação com a casa tem variado ao longo dos tempos, desde que estou só. Houve um período em que me sufocava, e era martirizante viver nela, como se as energias negativas tivessem tomado conta de tudo isto....Depois houve um período em que a casa, era simplesmente para eu viver o tempo necessário por dia (tinha coisas mais motivadoras para mim, que me preenchiam), agora, é refúgio, é toca, é buraco...e apesar de eu saber que me não é saudável no período que atravesso, menos ainda solução para a minha vida esta auto-clausura, é um esforço titânico eu "arrancar" daqui....eu creio mesmo que ela é novamente uma espécie de conforto uterino que me protege...

Hoje é sábado, acordei de um sonho estranho que não recordo, como é típico dos sonhos, mas lembro a última frase que eu dizia a alguém :" A vassoura das bruxinhas é equivalente à varinha mágica das fadas"!....

Será que eu pressinto, que para resolver a minha vida, preciso de uma qualquer varinha mágica ou vassourinha de bruxa ???!!!...

Anamar

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá miúda
Pois o oposto adoece-me, compreendes?
O escritório parece que foi atingido por uma bomba...mais zona de impacto ...fecho os olhos...tenho de ir sobrevivendo.

Beij

Maria Romã

Anónimo disse...

A minha, quer esteja acompanhada ou só, não consigo mesmo arrumá-la! Às vezes penso que mentalmente também terei de ser desarrumada, só assim se explica que isto aconteça... E sabes que gostaria de ter uma bem arrumadinha para ter mais tempo para gastar em coisas mais interessantes que aspirar e limpar? E porque é que gostamos mesmo daquilo que não temos?
Se me convidasses um dia e me permitisses, desarrumava-te a tua em três tempos!
Beijinhos