sexta-feira, 16 de julho de 2010

"PARA QUÊ?..."


Há dias li num jornal da manhã uma notícia, cujo título era :"Equipa médica demorou sete horas a reconstruir a  mão decepada a um sexagenário"....
Li, voltei a ler e pensei de mim para mim, qual a relevância de "a um sexagenário", no título da notícia, e por que não poderia o mesmo, realçar simplesmente o mérito da intervenção cirúrgica da equipa médica, que em sete horas, reconstruira a mão de um homem que, por negligência se decepara ?

Por que descrimina a sociedade os cidadãos a partir de determinada idade?
Porque os considera já ineptos, inválidos, incapazes?

"Idoso é colhido por um carro em passagem de peões"...."mulher idosa é brutalmente espancada ao entrar em casa"....etc, etc, etc....

Parece que existem os válidos, aqueles a quem jamais aconteceriam estas coisas, e depois, a classe vulnerável que é preciso realçar...

Como sabem, e já o tenho aqui reiterado vezes sem conta, lido muito mal com o declínio inevitável e perturbador da vida.
Sou, efectivamente uma revoltada com a perda das capacidades que nos reduzem a figuras fantasmagóricas, quantas vezes parecendo retiradas dum filme de terror....Para quê então, ser reforçado ainda mais o grotesco do irreversível, com afirmações do género das que referi?

Nós sabemos que cada dia tudo piora (e nisso, o Arquitecto, finalmente foi imparcial e justo - toca a todos ), é o ouvido, é a vista, é a mobilidade, é a força, a memória, a destreza, a capacidade de se fazer isto ou aquilo que se fazia com "uma perna às costas" ainda ontem....
Perdem a  identidade....deixam de ser um homem, uma mulher, para serem um idoso, um septuagenário...

Mas deixem-nos viver ao seu ritmo, não os minimizem, não lhes façam constantemente sentir que, como diria a minha mãe se aqui estivesse : "A vida tudo nos dá e tudo nos tira!..."

Anamar

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