terça-feira, 22 de março de 2011

"A NU ... "

Mais uma noite mal dormida.
Não sei se das dores na lombar ( terrível, hoje ), se da subida de temperatura que se fez bruscamente sentir, se da Primavera que começou...Sei lá!
Como tal, um intervalo a meio do "jogo", que é como quem diz, nada como duas horinhas para pensar, repensar e nada concluir, ou pelo menos nada aproveitável.

Um dos flashes que me passaram pela cabeça, prendeu-se com o meu post "NÃO VOU POR AÍ!"...
Entretanto meteram-se-me os "SONHOS" de permeio e esta noite...os pesadelos!!! rsrsrs

Há dois posts atrás falava-vos então de Nelson Mandela, da sua personalidade, do homem, do cidadão e do político; falava-vos das qualidades a ele inerentes, natas ou trabalhadas, não interessa, invulgares no ser humano, mais ainda se submetido injustamente ao inferno, vilipendiado, por discriminação gratuita de cor e raça, que lhe sonegou da vida, já por si sempre curta, trinta anos...
Esses, ninguém poderá restituir-lhos, desses, ninguém poderá ressarci-lo, nem das consequências que os mesmos tiveram a todos os níveis, desde a desestruturação familiar, à complexidade de sentimentos, dores, sofrimentos e doenças, que o terão assaltado em cativeiro.
Pois ainda assim, como vos dizia e não me vou repetir, há uma qualidade entre todas, que considero inestimável em Mandela e que me causa uma inveja imensa, no bom sentido, claro: a sua perseverança e determinação no atingir dos seus objectivos, no perseguir dos seus ideais, no poder do seu acreditar.
Disso também são "fabricados" os grandes Homens!

Terminei o post dizendo que de alguma forma me revejo nessa "independência" descomprometida da individualidade em apreço, no não seguidismo, a qualquer preço, do instituído, se nele não acreditamos, no anti convencionalismo e subserviência que baixa a cabeça e rasteja a poderes, se conveniente...
Mandela nunca teve preço, isso é reconhecível!!

De alguma forma eu também exibo o meu "nariz empinado" para com a vida, bato o meu pé àquilo que não "assumo", aceito situações de marginalidade se acreditar nelas...nem sempre ando na corrente, nem sempre faço parte do "rebanho"...

Mas reconheço em mim uma imperfeição tremenda, a propósito.
A minha determinação carece de verdadeira aposta, a minha perseverança é pálida, a minha vontade periclitante.
É uma falha personalística imensamente grave, eu acho.
É ela que me leva a nunca concretizar na minha vida, de um modo geral, as apostas em que me envolvo, as iniciativas que tomo, os projectos que se pintam de ouro no início, e se desvanecem como nuvens no firmamento.
E sofro imenso com isso, porque me penalizo e se calhar não deveria, porque também sei que não conseguirei alterar o "stato quo", na medida em que, sendo algo intrínseco, dificilmente é mutável nesta altura do "campeonato".
Provavelmente sou demasiado radical e severa comigo mesma, o que aumenta o meu grau de insatisfação e infelicidade, sendo que, já bastaria a auto-análise e a "mea culpa" que faço todos os dias...
Costuma dizer-se que "o que não tem remédio, remediado está", será um pouco isso no meu caso, embora eu continue "estrebuchando" comigo mesma.
Só não sei o que fazer, como fazer!!!

Noutro dia, falando com a minha filha mais nova, que é exactamente o oposto de mim nesta vertente ( ela experimenta tudo, adere às mais variadas iniciativas, divide-se, desdobra-se, alonga os dias para lá do razoável, e por isso não se entedia, conhece montes de pessoas, as mais diversas...e ainda por cima acha tudo o máximo...), dizia-me ela: "Eu tenho que voltar cá em mais não sei quantas vidas...O que eu tenho para fazer...sério, mãe, o tempo de que disponho para viver, não vai dar nem p'ra metade!!!" - e dizia-me isto com um entusiasmo convicto!
Se calhar o entusiasmo dos 33 anos, com uma experiência de vida e um olhar sobre o mundo, que talvez eu ainda hoje não tenha...

Há tempos atrás, na altura em que a minha vida profissional virou, também me dizia a mais velha: "Já viste, agora vais poder fazer tantas coisas giras que até agora não tinhas tempo p'ra fazer!..."

E eu pergunto-me: "Que raio de avantesma sou eu??!!... Onde estão as coisas giras?? E se as há e haverá por certo, por que não as acho, por que não me mexo para as achar, ou por que quando as encontro, a sua "aura" é fugidia e eclipsa-se rápido??!!"...

Às vezes, obsessivamente, esgravato até alcançar qualquer desiderato que me assalta, de uma forma compulsiva, que me tira frequentemente o sono, me traz o coração à boca, leveza à alma, sorriso aos lábios...parecendo que, aquilo sim, é uma saída para mim...
Foi assim com a construção das casas, com a decoração das mesmas, já foi assim com uma peça de roupa, um bibelot ou um móvel que me espreitava numa vitrina.
Uma vez atingido, uma vez alcançado ou possuído, é desvalorizado no imediato, torna-se efémero, e de novo insatisfatório.

Agora até lembrei aquelas imagens de alguns predadores que caçam pelo gozo de caçar, brincam com a presa, largam, pegam, judiam com a pobre, antes do golpe de misericórdia...
Depois...perdeu o interesse..."game is over"
É maquiavelismo??!!... Não sei! "É masoquismo??!!... Também não!
Sou obsessiva-compulsiva??!!...Vá-se lá saber! Também, não gosto de rotular nada nem ninguém!!

Meu Deus...onde isto já vai!...
Daqui a pouco estou a auto-internar-me numa clínica de doidos!

Comecei na insónia nocturna...as conversas vão e vão e vão...
Desculpem, isto foi somente pensar alto, sem lápis azul, sem sequer auto-censura...a nu, perante vocês!...

Anamar

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