sábado, 14 de julho de 2012

" A CAIXA DE PANDORA "



Longe, já estou longe, mas subi ao paraíso ... sem dúvida.

Se há lugar na Terra que seja um paraíso, esse será com certeza, Samaná !

Não vou repetir o que sempre experimento no privilégio de dias "fora do Mundo", nos destinos que habitualmente escolho.
As cores, os cheiros doces, os sons, sejam do mar que "brinca" de bater na areia, sejam dos pássaros que noite e dia se fazem ouvir, sejam dos ritmos envolventes e bamboleantes do Caribe ...
Tomar o pequeno almoço ao ar livre, "embrulhada" em verdes ( que nunca pensei houvesse tantos ! ), com o gorgolejar de água a escorregar entre pedras, com o calor ainda ameno das sete da manhã, com Enya ( imagine-se ) a presentear o meu dia ... bom, se isto não é o paraíso, o que o será então ???

E para merecer isto, apenas existo !!!

Ao contrário das outras noites em que tenho dormido placidamente, como recompensa das seis horas que sempre já me encontram na praia, para caminhar sem tempo, algumas horas em silêncio, do que pode ainda chamar-se madrugada ( apesar de a luminosidade ser tanta que dificilmente o acreditamos ), e pela tarde até o sol dormir no mar lá ao fundo ... nesta, tive um sono persistentemente agitado, que me perturbou com um pesadelo absolutamente vívido.
Tão vívido, que lhe lembro ainda todos os pormenores, o que não é vulgar, como se sabe.
Sei que acordei e o retomei em insistência assustadora.

Sempre sou premonitória nos sinais da Vida, sempre os entendo exactamente como isso ... sinais !...

A seguir àquele sonho, continuar a ser surpreendida por Enya, a mulher cuja voz mais me repousa o coração, acredito ser isso mesmo, um sinal destinatório !

Lembro que se tratava de um desmoronar.
Não o desmoronar de um edifício, o desmoronar de terras ou de qualquer outra avalanche.
Era o desmoronar da minha vida, mesmo ...
Vida material, é verdade, coisas, objectos de que vivi rodeada, e a que me ligava um laço afectivo ;  e era feita por pessoas que a atravessaram, embora não lhe pertencessem directamente, perfeitamente identificadas, que como que ensandecidas, numa demência que se denunciava como vingança, raiva, quase ódio, o faziam.
E degustavam o que provocavam !  Saboreavam como uma espécie de ajuste de contas, isso mesmo, o sofrimento que me infligiam, maquiavelicamente.
Lembro que não era a perda dos bens materiais, físicos, objectivos em si,  que me molestava, mas o que alguns deles me representavam, afectiva e emocionalmente.
Era como se fosse a minha vida do coração, que se derramava como uma enxurrada que se ia, se perdia num vórtice destruidor.

Sonho estranho, num local improvável de o ter ... se os sonhos obedecessem a alguma probabilidade.

Que para eles arrastamos as nossas realidades, é óbvio, faz sentido.
Normalmente são preocupações, ansiedades, sofrimentos, ou mesmo alegria, felicidade que experimentamos nos nossos dias, que continuam a povoar-nos, agora já no domínio do sub-consciente, ao longo das noites.
E aí, os fantasminhas brincam à solta e mesclam-se como querem, constroem e desconstroem coisas, mais ou menos lógicas umas, aberrantes, outras.
Algumas que parecem deixar-se "ler", outras que são absolutamente surrealistas e inexplicáveis.

A interpretação dos sonhos é mesmo uma questão do domínio da psicologia, das ciências da mente, do hermetismo de todos os "conscientes" que possuímos.  E querer fazê-la, leigos que somos na maioria, um atrevimento e uma presunção sem tamanho.
Até porque temos tendência a "lê-los", de acordo com o que nos sugestiona, de acordo e como consequência de vivências que nos perturbam, pela positiva ou pela negativa, como se se tratasse de exercícios de senso e linearidade espantosos.

O que é facto, é que psicanalistas,  parapsicólogos,  psicoterapeutas, em suma, os especialistas em nos "escarafunchar" por dentro, recorrem a eles como ferramenta de diagnose e terapia, o que nos leva a concluir que o "saco dos sonhos" é uma "caixa de Pandora", de onde pode sair o " X " de muitas questões !...



Anamar

4 comentários:

Anónimo disse...

Sonhos são Sonhos.
Ponto Final.
Nunca devem ser tormento para ninguem.
Mas sim, incentivo para se viver.
Um seu amigo.

colibri disse...

Olá "amigo"

Sim...sonhos são sonhos...

Ninguém deverá viver exclusivamente deles...

Eu não vivo de sonhos...Apenas pugno para que alguns dos meus se transformem legitimamente em concretizações.

Penso que eu e qualquer comum mortal ! Não devo fugir à regra...

Obrigada por ter comentado.

Anamar

Anónimo disse...

Obrigado por ter respondido.
Espero que consiga concretizar os seus sonhos.
Um seu amigo

colibri disse...

Eu também espero ... aliás a "esperança parece ser sempre a última a morrer"!

Obrigada

Anamar