"Afasta-te, para que sintam a tua falta ... Não tanto, que esqueçam que tu existes..."
"Só faz falta, quem está ..."
ou ... "Quem desaparece, esquece" ... diria a minha mãe !
Frases que significam a mesma coisa, ideias que estão imbuídas do mesmo espírito.
Baseiam-se na velha máxima que só sentimos falta do que não temos, que só valorizamos o que, e quando alguma coisa nos falta ...
O ser humano é um "bicho" absolutamente estranho, utópico e muitas vezes ininteligível nas suas posturas, incoerente nos seus sentimentos.
Por que temos tanta dificuldade, parece, em aferir o nosso coração, em auscultar o nosso próprio interior ?!
Por que precisamos que se distancie de nós o objecto desejado, para percebermos como é desejado mesmo, para avaliarmos como não podemos prescindir dele, para entendermos a sua real importância nas nossas vidas?!
Parece um contra-senso ...
Ou fará parte da eterna insatisfação ou dúvida metódica do Homem?!
Ou será que a sua insegurança é de tal ordem, que precise sistematicamente pôr à prova os afectos, a capacidade de resistência à sua ausência, como se quisesse testar o seu lado asceta, e dessa forma recusasse para si próprio, o lado humano ?!
Ou será como se quisesse provar a si mesmo, ser um ser "superior", e não vulnerável ou manipulável pelos sentimentos, achando que estes o enfraquecem e lhe tiram defesas ?!
Tudo isto é estranho. Tudo isto faz parte de um hermetismo do domínio do psicológico, dos diferentes níveis do consciente, ou tão só de um conhecimento da sua própria entidade, e portanto do que na realidade sente e experimenta ...
Parece um masoquismo esquisito, uma auto-punição procurada, um desequilíbrio inexplicável, uma aferição dispensável, e do meu ponto de vista, suicida !...
Os brasileiros, que utilizam um português "ajeitado", às vezes bem mais expressivo, têm uma frase que traduz isto mesmo : "Vamos dar um tempo !..."
Só que tempo é tempo, e o transcurso do mesmo, não só altera as pessoas, como os sentimentos, como as vivências ... porque afinal, ninguém se consegue pôr entre parêntesis, enquanto esse mesmo tempo vai seguindo o seu caminho.
Ninguém se fossiliza ou se coloca em "banho-maria" ... e o que somos hoje, não é mais o que fomos ontem, e também não o que seremos amanhã.
E esse interregno forjado, acarreta o sério risco de que, quando as pessoas se reencontrarem, nenhuma delas esteja mais lá, porque não sendo mais as mesmas, serão dois desconhecidos cara a cara, com todas as consequências inerentes.
Um distanciamento físico acarreta forçosamente um distanciamento psicológico, afectivo e emocional, e instala maus estares, mágoas, dúvidas, dores, ressentimentos, inseguranças, que muitas vezes nunca mais são passíveis de serem ultrapassados ...
Do meu ponto de vista, é como brincar com o fogo !...
Tenho para mim, que "dar o tal tempo", é um risco extremamento sério, que pode redundar em "desgraça" irreversível ...
Deveríamos estar bem conscientes disso, creio, assumindo obviamente, se o defendermos e praticarmos, o ónus total da opção tomada !...
Anamar
4 comentários:
Cara Amiga,
Tem feito ultimamente muitas reflexões.
Que por estranho que possa parecer, obrigam a muita reflexão de quem a lê.
Gostaria um dia de ter tempo e oportunidade para fazer o contraditorio, quem sabe?
Um seu amigo, que a vai lendo com muito interesse.
Olá
Contraditório...ou concordância...
Pelas suas palavras depreendo estar em fronteira oposta.
Respeito e sou aberta a outras opiniões, desde que me façam sentido.
Nunca me entrincheirei nas minhas "verdades".
Obrigada e um abraço
Anamar
Minha amiga se a conheço um pouco que seja.
Por vezes duvido, se não se entricheira nas suas verdades, sei de experiencia feita, que é uma pessoa muito honesta intelectualmente, tambem sei que aprecia um bom contraditório.Mas tambem julgo saber que quando "encaquesta" uma situação na sua cabeça, é um pouco "cabeça dura".Perdoe a minha frontalidade, pois reconheço que analiza muito bem e demoradamente as questões.
Pois meu amigo....só "encasqueto" se depois de muito reflectir, concluir que uma dada posição, é a "minha verdade"...
Apenas, sempre estou aberta a mudar a minha opinião, se necessário de 180º, se me convencerem COM LOGICISMO que estava errada.
Para mim, isso não é "cabeça dura"...É honestidade intelectual, simplesmente
Um abraço
Anamar
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