sábado, 21 de julho de 2012

" LOS NIÑOS "


"Los niños" são crianças iguais em qualquer lugar do Mundo.

Os putos, dum extremo ao outro da Terra, são feitos da mesma massa, têm o mesmo sorriso rasgado, humilde e doce, como que agradecendo que tenhamos reparado neles.
Os meninos de Bali são exactamente iguais aos meninos de Samaná.

São traquinas, são tímidos alguns, atrevidotes outros.
Adoram ser fotografados e adoram ver o trabalho pronto, sempre rindo por se verem assim, exactamente daquele jeito, no quadradinho daquela caixa mágica ...

Andam nus ou semi-nus, andrajosos, inventam brincadeiras do nada, criam brinquedos do nada também.
A areia das praias intermináveis, é o seu "país das maravilhas"...
A sua criatividade não tem limites ; imaginam histórias, amigos inexistentes, constroem bolas de jogar com trapos, ou mesmo com bagas que a maré arrasta ao areal.
Vendem cocos que apanham no chão, espalhados a esmo e graciosamente pela natureza, que os dá.
E quando não vendem ... quase nunca vendem ... balbuciam : "Um dólar ...", pedindo com aquele ar inocente, que a boa vontade do turista lhes permita levarem para casa algumas migalhas que ajudem, ou possam presentear-se com um agradinho a que não estão habituados.

Deambulam pelas praias, brincam nos charcos ou nas piscinas naturais, mergulham desde os ramos das árvores, como pranchas, directos à água fresca ... e gargalham, gargalham, gritam, correm, saltam e são felizes !

Os meninos quase sempre são felizes !

Não têm nada, ou muito pouco, mas nada querem para lá do que o seu mundo comporta.
É aquele que conhecem ...

Mas sonham, também sonham.
Um deles dizia-me que sonhava um dia ir viver num país com neve e frio, e não percebeu a minha cara de espanto, como que a dizer-lhe que só podia estar louco ... ele que nascera, vivia e crescia naquela água acariciantemente morna, embaladora de banhos intermináveis, na sombra dos coqueirais, naquela liberdade oferecida, naquilo que para mim, era um paraíso !

Eu sei que todos reservamos mais ou menos dentro de nós, esta criança que um dia fomos ...
É uma frase feita, mas real.

Essa criança solta-se quando menos nos policiamos, quando fechamos os olhos e deixa de nos importar o que nos rodeia.
Quando, como num exercício de meditação absoluta, conseguimos alienar-nos destes dias por vezes demasiado descoloridos, que são quase sempre os nossos.
É então que atingimos um vazio mental, de regras, convenções, conveniências, apreensões, infelicidades, sonhos desfeitos que povoam as nossas vidas ...
E libertos, como aquela garça que plana lá bem alto na aragem, dominamos outra vez o Mundo, achando que podemos ...
Jogamos à bola na praia, esquecendo que a agilidade e a leveza já foram ...
Apanhamos do chão aquela florzinha tão singela, tão simples, tão pequena, quase invisível que desponta no meio dos rochedos, crendo ser um tesouro ...
Extasiamo-nos com a beleza de uma concha que nos veio beijar os pés, do búzio que nos deixa "ouvir" o mar ... extasiamo-nos com a simetria perfeitamente geométrica e equilibrada, de uma casca de ouriço pousada adormecida no meio dos corais, nos recifes ... ou com a cor indescritível dos peixes, inventados pelo criador de tudo isto ...
Deixamos que o cabelo se desalinhe com a aragem que nos afaga ...
Deixamos que a água morna nos aninhe, nos embale e acaricie o corpo semi-nu, e achamos que nada existe além de nós, daquele céu azul bem por cima, e do silêncio que tem o condão de apagar tudo quanto é ruído, e só deixa chegar-nos três sons que nos aquecem a alma : o trinado dos pássaros que não se vêem mas nos falam, o sussurrar da brisa passante, sabe-se lá para onde, e o marulhar do que nunca foi onda ...

E esses sons misturam-nos, miscigenam-nos, mimetizam-nos com a Natureza, dão-nos paz, plenitude, um preenchimento no coração e uma emoção, que não se descrevem mas nos fazem feliz, e nos tornam crianças outra vez !

Que pena não podermos ficar assim, como se a "engrenagem" tivesse parado, a imagem do "filme" se tivesse fixado ... como se tivéssemos feito "pausa" para sempre, e nunca pudéssemos esquecer como "foi" !!!...




Anamar

8 comentários:

Anónimo disse...

Os ninos,como refere e muito bem são o Futuro.
Penso que faz falta aos nossos da Europa, aquilo que as gerações mais antigas tiveram, que é o terem o direito de ser crianças no seu tempo e não quererem fazer deles adultos precoces, com compromissos duros como aulas de Ballet, ginásticas, judos, etc. ou explicações sobre tudo para serem os numeros um, nos Colégios que frequentam como "Shom-Room" de Pais, obcecados com a imagem.

anamar disse...

Olá Anónimo

Criança é liberdade, é paz, é alegria...
E ser criança é a melhor fase da Vida que qualquer ser humano deveria usufruir.

A sociedade de hoje e os valores instituídos, com a competição desenfreada e a qualquer preço, está a tornar as nossas crianças,infelizmente, adultos precoces.

Obrigada por ter comentado

Anamar

Anónimo disse...

Estes meninos são lindos, como em qualquer outra parte do mundo.
Malmequer

Anónimo disse...

Agradeço a sua resposta, espero que me permita acrescentar o seguinte:
Concordo inteiramente consigo mas penso tambem que nos cabe a todos alterar certos valores instituidos, como sabe nas gerações de antes de Abril não era nada disto e fez adultos responsaveis e crianças que usufruiram a sua idade brincando, mais sabiam escrever e não davam licenciados que nem sabem escrever correctamente a sua lingua materna.

Anónimo disse...

Cada época tem as suas vivências, mas ACREDITO que ainda que as crianças possam hoje aprender e crescer de uma forma diferente, não deixam por isso de ser crianças e quando, com atenção, "lemos" as suas cabecinhas, não nos resta qualquer dúvida. Não estou a ser naive...
Malmequer

anamar disse...

Olá Malmequer

Crianças são-no de facto em qualquer lugar do Mundo.

Crianças felizes creio que são as que continuam a usufruir da liberdade de o ser, na verdadeira acepçao da palavra.

De resto, são espantosas, todas elas, sem dúvida.

Beijinhos

Anamar

Anónimo disse...

Perdoe-me a insistencia, mas ao reler o seu "Post", surgiu-me uma questão que considero pertinente sobre este seu "Post" o papel dos Avós, que na minha terra (Sintra) é homenageado. Os Avós são muito importantes, pois o papel dos Pais é "educar" e diz-se que o dos Avós é "estragar", no fundo é tudo uma questão de bom senso, pois trata-se de criar balizas de comportamentos e muitas vezes é preciso uma valvula de escape, para os exageros dos Pais "fundamentalistas" e esse papel sem duvida é o dos Avós, que nunca podem ser coibidos de o desempenharem, como certos Pais radicais e "stressados" tentam fazer, prejudicando de uma forma absurda o crescimento saudavel dos seus rebentos. Resumo "BOM-SENSO" precisa-se e esses Pais precisam de ser reciclados para seu próprio bem.Sabemos que as Crianças não vem com Livro de instruções e a experiencia dos mais velhos é muito preciosa, nunca deve ser subestimada.Espera-se sensatez de todos os envolvidos.

anamar disse...

Penso que as próprias crianças, que são seres absolutamente perspicazes e inteligentes, entendem lindamente em que "terrenos" jogam.

Sempre os avós...que algures li maravilhosamente definidos, como "pais com açúcar"...terão exactamente um papel que perdurará queiramos ou não na cabeça dos putos, disso mesmo...adoçar-lhes o caminho e a vida.

Afinal todas as gerações, por isto ou aquilo, lembram frases, ensinamentos, conversas, mimos...enfim tantas e tantas coisas que são legados inesquecíveis, que eles nos deixaram!

obrigada

Anamar