segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"O APAGÃO"



Mais uma vez estamos às portas de mais uma viragem no calendário, que é como quem diz, todo aquele ritual da meia-noite do 31de Dezembro, as passas, o champagne, a barulheira nas ruas e nas janelas, a esperança, as saudações, os desejos, as promessas, alegria a sério e muitos nós nas gargantas...Vai repetir-se, o que significa, para lá de tudo o resto, que (com ou sem livro de reclamações) fomos obsequiados com mais (?), ou menos (?) um ano de calendário...

Um ano de calendário significa exactamente 365 dias, muitas vezes mal usufruídos, 8760 horas (muitas, passadas a dormir - eu), 525600 minutos em que podemos respirar 7884000 vezes; num ritmo cardíaco normal o nosso coração pulsará aproximadamente 99864000 vezes...
E a dizer "eu amo-te" haverá estatística feita?

Creio que não, mas por vezes é preciso uma VIDA, tenho a certeza...
Outras, é tão superficialmente dito, que poucos segundos bastam...mas a vida inteira é curta, para ser confirmada essa afirmação!
Outras vezes fica enrolada na língua, não sobe da garganta, faz explodir o coração...e não sai, de nenhuma forma...

Todas as noites ao deitar poderíamos endereçar um e-mail nas asas do sonho, a quem amamos de verdade, sem batota...Três palavras pequeninas, que carregariam o nosso amor milhares de vezes por minuto...até lá...lá, onde se calhar já não pertencemos fisicamente, mas onde pertenceremos sempre no coração.

Vocês sabem qual a hora que mais me conforta ao longo do dia?
Exactamente essa, a chamada "hora do apagão"...
Consiste em quê, esta hora?
Vou explicar: eu tenho estado doente com baixa por depressão (termo que eu detesto....psiquiátrica também detesto....), chamar-lhe-ei, até porque efectivamente o é...doença "sem rosto"...
Ora bem, a hora do "apagão", é aquela em que me estou  a enfiar no édredon, a hora em que a minha Rita se deita (fora do edredon, mas a fazer de aquecimento central às minhas costas), a hora em que eu envio nas asas da noite o tal e-mail...tomo os últimos comprimidos do dia (aqueles abençoados, que passados minutos já não sabemos de que terra somos), e antes que a angústia tome conta de mim, faço o clique do interruptor do candeeiro, ou seja, determino efectivamente o "apagão" para esse dia, sinto uma tristeza incontida por alguns minutos, e antes que o coração e a mente me tragam as lágrimas reprimidas ao rosto, espero que ao menos a noite tenha compaixão de mim...

Anamar

Sem comentários: