domingo, 20 de dezembro de 2009

"O VERDADEIRO NATAL"





Odeio o Natal, odeio os sábados...odeio mais que tudo o sábado anterior ao Natal!!!

Este ano em especial, por razões particulares de saúde e outras, ainda não consciencializei que o que nunca espera por nós, é o tempo, e que sou verdadeiramente obrigada a mexer-me se não quero apanhar os Reis Magos já de regresso, quando ainda estou de ida...
ou seja, trocado por miúdos, não comprei rigorosamente nada para oferecer a ninguém, e quando penso que de alguma forma, queira eu ou não, a noite de quinta, vem já aí, rapidinho, rapidinho, ainda me sinto mais inerte, triste, morta....

Por que não prescindem de mim a fazer de conta que estou óptima, a sentir que estou péssima, a ficar louca com a "salganhada" que as crianças sempre aprontam, numa noite ainda por cima vocacionada para elas?!
Por que não se esquecem que eu existo, em vez de me obrigarem a "afivelar" uma cara desanuviada, presumindo-se que as crianças requerem felicidade à sua volta, ainda que seja postiça?!

Ninguém supõe como eu dava uma fortuna para aí pelas dez, enfiar um "Mutabom M", que é tiro e queda, e dez minutos depois ter apagado!....

Nas ruas, só vejo as pessoas com ar esfalfado, infeliz, vitimizado, a comparar os "tostões" das carteiras com os preços expostos nas vitrines, e ficando sempre com aquele ar terrífico, que "galinha gorda por pouco dinheiro"....
Pessoas esbaforidas com sacos e mais sacos....encomendas e mais encomendas, as rabanadas, a lampreia de ovos, o bolo-rei, as filhós, as azevias...os malfadados sonhos que nunca na vida foram tão "pesadelos", como nessa noite...

A luta contra o tempo que falta, é titânica. As  mães de família, até a hora do almoço no emprego, utilizam, para entre duas dentadas de qualquer coisa, comprarem mais meia dúzia de tretas.
Resultado, nada é personalizado, nada tem a "cara" de ninguém, nada já é original. Simplesmente não houve tempo de pensar no mais adequado a tornar o outro feliz. Ou então faz-se como alguém que eu conheço que numa meia hora despacha o Natal : vai a uma perfumaria e pede à vendedora dez perfumes ou colónias ao gosto dela....e....já está! Tudo irmãmente contemplado!...

E aí temos nós, como o que deveria ser feliz, desejado, esperado, fica estraçalhado pelo calendário...pela obrigatoriedade...por decreto!...
"Natal é sempre que um homem quiser".....não poderá ser "Não será Natal se um homem não quiser"??...

Já agora, como eu estou com os miolos a preço de loja dos chineses, vão-me perdoar,  mas lembrei-me de repente, e sinceramente estou quase a ir registar a patente... A  ideia só funciona para os adultos, mas mesmo assim, era meia trabalheira ou mais que se aligeirava, e era o verdadeiro sentido de Natal que se reabilitava.
Senão reparem: uma pequena caixa, tipo ourivesaria ou um montinho de algodão do tamanho de um rebuçado (eu até acho que há umas caixinhas tipo prendinha com que se enfeita a árvore de Natal. Aí então era ouro sobre azul...)
Do algodão, com papel bonito e umas fitinhas douradas ou prateadas, construiam-se rebuçados gorduchos.
Na hora da distribuição, quando o pai, a mãe, o avô, etc, etc, receberem  a caixinha ou o rebuçado e freneticamente os abrirem sem nada lá encontrarem, dir-se-ia : "Aí dentro está a melhor prenda que arranjei para si....um enorme beijo carregadinho de amor! Esse é o meu presente!..."
É  ou não é, uma ideia supimpa??!!...

Eu sei apenas que Janeiro devia chegar rápido, devia poder saltar-se o calendário, ou haver dispensa para quem precisasse...Caso contrário, esta loucura colectiva ainda nos encaminha a todos para o manicómio!...



                                                                  

                                                                           ANAMAR

1 comentário:

MariahR disse...

Era pois...uma idéia supimpa, essa de uma caixinha minúscula contendo tão só a mais valiosa e, cada vez mais rara prenda...."um enorme beijo carregadinho de amor"!
Como te entendo, Anamar!
Se me deixassem também eu saltava o Dezembro directinha ao Janeiro.
Como sempre, amiga, ao ler-te já fiquei comovida, tristíssima e até divertida. É um dos teus dons.
Beijo grande
Maria