segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CRÓNICAS DE FÉRIAS IX - A MEIO DAS FÉRIAS - 16 DE NOVEMBRO




Sempre fui assim ... que raiva !!!

Estou a meio e já estou a viver por antecipação o fim, prejudicando o entretanto ... perceberam, não ??!!
Nesta minha forma enviesada de ser, não consigo  realmente disciplinar-me nesta matéria.
Sofro para trás, sofro para a frente, não vivo o presente, afinal a única certeza que temos realmente para viver.

O dia amanheceu-me em teoria, promissor. Planeara ir ao mercado local, rever o ambiente, num espaço absolutamente privilegiado para observar as gentes da terra, os seus costumes e formas de viver ... conhecer melhor a Indonésia por dentro.
Para tal, às 5,30 h da manhã saltei da cama, para um dia que já se percebia ir ser ensolarado.
Decidi descer à praia primeiro, saudar o "rei" que despertava, ainda entre os laranjas e os arroxeados da madrugada a dissipar-se.
Aproveitei, claro, para fazer mais umas fotos (mania de eternizar num quadradinho, tanto do que nunca se consegue arquivar ... os cheiros, os sons, as sensações, o vento ou a chuva, o frio ou o calor ... a emoção ... as batidas do nosso coração ! ... Nada disso lá fica, afinal ; o único registo é o que estará dentro de nós, enquanto não se diluir nos tempos. )

Feliz que estava, por um golpe de azar, não sei que volta dei à máquina fotográfica, que consegui avariá-la, de tal forma que a objectiva se danificou. Bom, a sorte é ter outra, não tão boa, mas pelo menos dará para continuar a cobrir exaustivamente a minha saga fotográfica.
Claro que com tudo isto, a ida ao mercado ficou inevitavelmente adiada .

Mas, falava-vos eu , desta minha resistência a usufruir os momentos até ao fim, em tempo real.
Sempre os vivencio para trás ( e esses dão pano para mangas ), ou antecipando os futuros ( para esses sempre tenho uma forma angustiada de os recepcionar ).
Tanta gente já me chamou a atenção para isso. Eu própria, sei perfeitamente tratar-se de  uma forma errada de ser e estar, aliás, já o referi algumas vezes, aqui neste meu espaço, numa espécie de contrição.
Mas não consigo alterar este estado de caos e indisciplina mental, que se prende com uma forma nostálgica de viver os acontecimentos.
Penso que tem a ver com uma certa interiorização da mutabilidade de tudo o que nos cerca, da irreversibilidade do tempo, da incertitude da vida !
E do efémero que ela também é ! ...
Da sensação de que num dia a gente chega, e no outro vai embora, levando de facto, apenas o pouco ou o muito que experienciámos, aquilo que fomos recolhendo pelo caminho, escolhos ou flores, que importa ! ...
Foram o nosso existir, foram, como sempre digo, a bagagem da nossa viagem, o recheio da nossa sacola !

Convivo  mal com aquela ideia de pensar ser a última vez que estou num local, a última vez que vejo uma paisagem ... convivo mal com a certeza que depois de mim, tudo continua no mesmo sítio ... aquela árvore centenária a contar infinitos, aquele rochedo que o mar açoita, aquele arbusto que continuará a florir ... antes ou depois de mim !!...

Por isso fico nostálgica, quando aqui em Bali, tenho o privilégio de ter tido uma "full moon" a extasiar-me, o privilégio de ter sido visitada por uma tempestade tropical espectacular, ter um mar que acaricia os corpos, de quente que é ... ter os cheiros e os sabores conhecidos mas sempre renovados, ter as flores, as flores de Bali, fadadas para adornar os cabelos ... ter os sons que o vento faz a brincar nos bambus ... e partir, partir até um dia, partir até nunca mais ... partir até à eternidade !!...

Eu irei ... Bali permanecerá igual através dos tempos, tenho a certeza !!!

Anamar

Nota: Foto retirada da Internet

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