sábado, 1 de janeiro de 2011

"DIVAGAÇÕES..."

31 de Dezembro (esta crónica está a sair atrasada um dia) - um dia perfeitamente odioso para mim... Hoje é um dia de solidão absoluta.

Lá dirão vocês, por que raio vivo presa aos dias, às datas, às épocas, à chuva, ao sol??
Isto só pode ser os parafusos cada vez mais enferrujados!

Acreditam que me aprontei toda, de ponto em branco, unhas, cabelo, etc, para ir jantar ao Magoito, dar-me o "luxo" de ir jantar sozinha no Magoito, ao restaurante do Cazé e da Zé, amigos de há algum tempo, e lá fazer a passagem do ano, e já pensei cem vezes em desistir??!!

No dia de hoje "sentem-se" as pessoas em casa, sentem-se as pessoas junto das lareiras, a "cutucar" as brasas, sente-se o calor dos lares, o gelado do champagne que aguarda nos frigoríficos, os aperitivos, o bolo-rei, as passas, as iguarias que se querem colocar na mesa, o afecto no interior de cada um...e a chover lá fora, normalmente a chover lá fora...

Tenho tantas saudades de algumas passagens de ano, tal como se o filme desfilasse na minha cabeça. As cores, os cheiros, as imagens, tudo paira, muito nítido, demasiado nítido, o que anula todas as minhas intrépidas "determinações" de mudança de vida, de mudança de rumo...E o meu rumo realmente está cada vez mais sem rumo...

Agora pensava: "aqui há anos atrás, basta recuar um ano, e o ano dividia-se por aulas, reuniões, férias, o antes do Natal, o depois do Natal, o recomeço a 3 de Janeiro, a ânsia pelo Carnaval, Páscoa, sempre de olho nas férias do Verão, os testes, a consulta do calendário para ver como calhavam os feriados, mais reuniões...mas havia metas, fases diferentes umas das outras...
Há pouco pensava, dizia, sentindo a ansiedade de quem vai recomeçar no dia 3... (ainda não me acostumei), a minha vida neste momento, é um deserto a perder de vista, de areias iguais, sem dunas, sem oásis, tempos atrás de tempos, uma alucinante paisagem lunar, igual, sem cambiantes, só com ventos adversos a fustigarem-me o rosto...

E pergunto-me: para quê mais médicos (tanto dinheiro gasto!), para quê mais "químicos para dentro, para quê fingir que sou marioneta do meu próprio destino, se eu não desvio um milímetro, de facto, do que sou e do que sinto, e cada dia estou mais igual a mim própria e mais cansada??!!...

Desculpem voltar a colocar nestas linhas pela enésima vez, as mesmas coisas, esta sensação estranha, incómoda, inquietante, de ser prisioneira de um destino feito um túnel sem luz em lado nenhum, e sem saída que se vislumbre!...

Foi mesmo só um desabafo, porque hoje acordei completamente "entupida" até à garganta, e as lágrimas já me assomaram aos olhos, várias vezes.
Mas já não choro, já não consigo chorar, porque quando o fazia, talvez cada lágrima que caía, levasse consigo um pouco do meu desânimo!...

Anamar

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