domingo, 30 de janeiro de 2011

"TARTARUGAS MARINHAS"


A tartaruga marinha , existente há 150 milhões de anos no planeta, é um réptil de origem terrestre, mas que evoluíu para o mar.
A sua carapaça tem cerca de 2 metros e pesam cerca de 600 quilogramas. São verdadeiros monstros marinhos, respeitáveis, com características muito próprias e simpáticas.

A tartaruga marinha sempre volta ao local onde nasceu. Na praia onde nasceu, ali desova, dando continuidade ao ciclo da vida, quando atinge o estado adulto, pelos 20 ou 25 anos de idade.
A desova das tartarugas marinhas, espécie protegida sobretudo em países que já estão sensibilizados para a inevitabilidade de se tratar de uma espécie em vias de extinção, e como tal, protegida, é um verdadeiro espectáculo.

Acontece na escuridão do início da noite. Não pode haver movimentações estranhas ou ruídos no areal, ou sequer luminosidade que não a natural, que a perturbe.
As tartarugas deixam o mar e sobem em direcção ao areal. Aí, com as suas patas nadadoras, ao estilo de pás de escavação aprofundam buracos para o depósito dos ovos. Acontece serem mais de cem ovos por ninho, embora a viabilidade de fertilidade desses mesmos ovos seja de 50%.
Durante a desova, a tartaruga entra em transe, um estado cataléptico tal, que se for tocada, não o acusa.
Quem quer assistir a este verdadeiro espectáculo, deverá ter uma postura silenciosa e discreta, vestindo-se de cores escuras, para que nada interfira na paz que deve reinar no areal.

Terminada a desova, a tartaruga cobre cuidadosamente os ovos, e disfarça o local, igualmente com as patas. Ela "sabe" que os predadores para os futuros nascituros, são imensos, desde aves marinhas, caranguejos, peixes, até infelizmente, o ser humano.
De seguida dirige-se para as águas onde vive, as profundidades oceânicas, por onde se passeia na sua cadência lenta, no meio dos abismos rochosos ou nos "jardins" de corais e anémonas, onde a luz solar, difusa, penetra mais ou menos, levando a água de azul escuro a turqueza e onde as cores multicoloridas dos peixes, de fazer inveja a qualquer arco-íris, acendem fogachos de irrealidade...

Quando os ovos eclodem, as pequenas tartarugas correm para o mar, seu habitat natural, mas ainda assim, a estatística de sobrevivência é de cerca de 1% apenas...

Eu acho que tenho um pouco de tartaruga marinha.
A minha "carapaça" também é imensa, e nela procuro esconder-me e proteger-me face às intempéries da vida, e com ela me defendo dos predadores da mesma...
Como ela sou um animal de solidão...e adoro o mar!
De resto, cumpro, sem discutir, tal como a tartaruga, o caminho adiante, escrito e destinado, o ritual de sobrevivência, lentamente, como uma dança...seraficamente...

Só não tenho a sorte de ter como ela, aqueles jardins à minha disposição, flores de coral e anémonas "bandos" de peixes indescritivelmente belos a rodear-me, abismos silenciosos, enigmáticos e profundos...

Anamar

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