quarta-feira, 23 de julho de 2008

"SEMPRE...PORQUÊ...??"





Estou hoje um pouco triste por dentro, por arrastamento, por cumplicidade, por inerência...Mas também por conclusão tão óbvia e tão dolorida que nunca a queremos considerar.

Encontrei uma amiga, há pouco, no café do pós-almoço, que era mas também não era "aquela" amiga. Aquela que eu conhecia, descontraída, brincalhona, com um senso de humor invejável, solta...em suma, feliz...
A mulher que vi hoje era simplesmente um arremedo de tudo isso...como se tudo isso ela tivesse esquecido ou não soubesse já como era...
Séria, excessivamente séria...com um rosto fechado, um olhar distante, uma parca ou nula vontade de falar. Via-se nitidamente que tinha ficado perdida lá atrás, algures em algum lugar que fora de sol...

As lágrimas soltas, fáceis, teimavam à sua revelia, em inundar-lhe os olhos que persistia em esconder por detrás de uns óculos escuros.
Lágrimas por tudo e nada, sem freio ou contenção, lágrimas por algo à sua volta que a mexia em desmando...certamente lágrimas apenas por si própria...percebi.

Tentei que soltasse aquele nó na garganta, tentei que aligeirasse aquele aperto no peito, que, via-se, estava a sufocá-la...tentei que tirasse os óculos, que olhasse o dia...tentei convencê-la que ele estava vestido de cores douradas e quentes...

Em vão...



Na minha frente estava uma mulher sem bússola, uma mulher sem "crer", uma desistente...eu diria ;
uma mulher ao acaso...perdida no mar do pensamento, traída pelas emoções dos flashes de vida, que me disse ter deixado espalhados...já não sabia por onde...
Falou-me de tempos em que se julgou feliz...falou-me de dias, em que ao sair da cama tudo tinha sentido, esperança, alegria, riso...porque eram dias com cores de arco-íris...as cores do seu próprio sonho.

Falou-me de vida com projecto, fosse ele qual fosse...não era preciso ser ambicioso ou longo...era simplesmente um projecto...o seu...aquele que lhe dava meta no caminho que deixava por isso de ser "cansado", para ser gostoso de percorrer...

Falou-me de fé que teve e já não tem...falou-me de "valer a pena" e tentou explicar-me que "isso" é miragem...

Falou-me de dar sem receber...falou-me de um peito rasgado por punhais implacáveis...

Falou-me de indiferença contra aposta...

Falou-me de recordar contra esquecer...

Falou-me de alvoradas contra noites escuras... de prender e soltar...

"If you love someone, set them free...If they come back to you, it means they are yours. If not...they NEVER were"...diz Sting...
Mas pareceu-me, (em jeito de cansaço instalado), não se ter deixado convencer...

E depois de mais um cigarro fumado face a um écran vazio que eu jurava ela ter à frente dos olhos...despediu-se e foi...




Porquê, o amor quando começa é normalmente a dois...mas quando acaba é injustamente a um??!!...


Anamar

2 comentários:

Anónimo disse...

olá Ana!
desolador. O que contas. Desoladora é a vida para todos nós em certas ocasiões...(felizmente não sempre!)
Mas, viver é assim mesmo. Uns dias felizes, outros terríveis, outros assim mais ou menos...
Temos que ter estratégias para ludibriar essa vida menos boa. A minha consiste em deixar-me afundar para depois submergir! Quanto mais não seja, porque odeio monotonia e odeio sentir-me "chata" para comigo mesma.
talvez a tua amiga, tenha que ir ao fundo para submergir...
Beijinhos
Lenaspace (muuuito ocupada nestes dias)

anamar disse...

Olá Lenaspace
Já tinha dado p'la tua falta...
Diz-se que é preciso bater no fundo para regressar ao topo. Talvez...
A menos que esse fundo seja um daqueles "fundões", donde no mar, nunca mais se regressa...
Bj
Anamar