domingo, 10 de junho de 2012

"ESTÓRIAS ??!!... QUE ESTÓRIAS ??!!..."


Hoje retomei a minha caminhada.
Ou simplesmente tomei-a hoje ... sei lá !

Sendo extremamente indisciplinada na vida, desde os aspectos físicos, aos psicológicos, aos de coração ... ( de facto toda eu sou uma "casa desarrumada" ), não consigo dizer se se tratou de algo pontual, ou se terei entrado nos "eixos" por algum tempo.
Sempre por "algum tempo" ...  Tudo comigo é por "algum tempo", estranhamente !
Sei que precisava "falar-me", respirar natureza, fundamentalmente sair de casa.  Neste momento as paredes desta casa são-me algo fóbico, que não me faz bem nenhum, que me abafa, me angustia, me arrasa.

Reencontrei a "minha" mata, com tudo no sítio, perfeito, florido, cheiroso ... deserto.
Uma das particularidades que sempre me agradam quando me sinto "encerrada para obras" ( como é o meu momento actual ), é poder caminhar, caminhar sem ver ou encontrar vivalma.
Ando um bocado farta de gente, de conversa, a maior parte das vezes circunstancial ;  farta de ter que afivelar este ou aquele semblante, só porque tenho a noção de que ninguém terá que descodificar se estou excelente, péssima ou assim assim !
Condicionalismos da vida social, condicionalismos de se viver numa mesma terra há 48 anos, na mesma casa há 38 ...

A meio do percurso, bem à minha moda, já pensava que o passeio estava a finalizar, e que a casa, aquela penumbra de fim de dia, aquele silêncio, aquele vazio, aquela solidão, estavam lá à minha espera.
Decidi que nada feito ... não ia confinar-me a esse "castigo", às cinco horas de uma tarde espectacular de sol, céu azul, uma brisa que condimentava na justa medida a força do astro-rei.

E como o "diabo foge da cruz" e quase em automatismo, meti-me no carro e vim ao Belas tomar um café.
Por aqui também há silêncio, apenas um silêncio emoldurado, como num quadro impecavelmente bem pintado, pelo verde da relva do golfe, ou dos pinheiros mansos aqui e ali, o branco das estevas, o ouro das urzes, o rosado das murtas, enfim, as pinceladas multicoloridas de tudo quanto é flor no mato rasteiro .
Por aqui joga-se golfe, pelas encostas doces deste tapete sonolento, um desporto que sempre me parece desafiadoramente repousante, intimista ... "cool" ...

A passarada privilegiada que por aqui habita, ostenta provocadora, uma liberdade estonteante ; os melros curiosos assomam as cabeças negras de bico amarelo, como se espreitassem de "tocaia" ... as andorinhas delicadas e dançarinas, ensaiam coreografias laboriosas, ora alto, ora baixo, recortadas no azul ... desenhadas no verde !...
Os patos bravos, rasam os lagos, mergulham, "catam" qualquer coisa ... e seguem displicentemente, nadando em marcha ordeira, bem comportados, até que voltam a mergulhar, a "catar" ... a seguir ...  E assim sempre!...
O sol, esse caminha em direcção ao ponto cardeal que lhe dará cama logo mais, mas entretanto, porque ainda vai alto, faz a gentileza de me envolver totalmente, na mesa em que me encontro, de chávena já vazia à frente, música calma nos ouvidos, telemóvel como única ponte com o mundo para lá deste oásis ...

Enfim, um domingo mais sem história, ou com muitas estórias ... a mais surpreendente das quais é, embora pareça estranho, o facto de continuar viva por aqui !...

Anamar

Sem comentários: