Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento... É de mim, para todos, mas também para ninguém... É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...

segunda-feira, 11 de junho de 2012
" A TEIA "
A linha é feita de muitas linhas.
A teia é feita de muitos fios.
São finos, são diáfanos, são etéreos, dissimulam-se ... são quase invisíveis ...
Na copa daquela árvore, ligando a folhagem, num bordado pacientemente tecido, beneficiando da exposição aos escassos raios solares que atravessavam a vegetação cerrada daquela mata, lá estava ela ... a teia !
Desafiadoramente perfeita, num projecto geométrico e matemático irrepreensível, simultaneamente delicada e resistente, aparentemente vulnerável mas invencível.
A teia é um local de "paz", é um reduto de silêncio perturbador.
É uma cortina de morte, entre espaços de vida. O cá e o lá ... o antes e o depois dela.
E depois há ela, e a aleatoriedade dos momentos.
Ela não é um canto de sereia de emoções e promessas ... Ela não é uma luz acesa, em torno da qual "zanzam" em círculos, borboletas da noite, impotentes e estonteadas ... Ela não é um pântano sem aviso, que brilha e desafia, ou uma rede de sesta entre troncos ... Ela não é uma miragem de areia, duna após duna no deserto ...
Ela está simplesmente lá, naquele cais de espera.
E depois há tudo o que acontece porque deve acontecer !
Tenho a certeza que é doce e embaladora, quase desejável ... Tenho a certeza que não é um labirinto de cansaços e indecisões, mas é um berço, uns braços ou umas mãos, gávea de navio a baloiçar em maré mansa, um regaço, uma nuvem de algodão ... um charco de água no meio da aridez ... uma última nota ... talvez um último som !...
Mas a teia é para quem está ... não é para quem chega.
Ela estremece quando algumas asas a tocam. Estremece capciosamente de prazer, e faz-se anunciar ...
Parece cais de aportar, molhe de abrigo ... um farol norteador ... um voluptuoso véu de noiva ...
Mas na verdade torna-se uma tormenta, uma cratera em actividade, um tornado em girândula avassaladora !
A teia é um alçapão num trilho atapetado. É uma falta de chão repentino. É um fosso inesperado atrás de uma moita de giestas. É uma ravina ou desfiladeiro a pique, no fim de um caminho apenas iluminado pelo luar ... Ar rarefeito, no topo da montanha soberana !...
Na teia esbarra-se, tropeça-se, cai-se ...
Os tentáculos entorpecentes abraçam, acariciam ... a melopeia narcotizante inebria, o cântico lânguido adormece ...
A teia é um fim de linha ... um caminho sem volta !!!...
Anamar
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