segunda-feira, 13 de agosto de 2012

" A VIDA "


A vida no seu percurso imparável !...

Dias maus, dias difíceis, dias de mágoas, dias em que as trevas da madrugada nunca abrem para um sol radioso ... Fica sempre noite !
E depois há aqueles, em que percebemos que afinal vale a pena estarmos cá, vale a pena dançarmos na chuva, para conhecermos o prazer do azul do céu.

E hoje é um desses, em que sinto que estar viva, só por si, já é uma bênção, e ser afortunada como sou, uma bênção maior ainda.

O ser humano, eu em particular, sempre lamenta isto ou aquilo ;  centra-se excessivamente em si mesmo, e ainda que tudo fosse perfeito à sua volta, sempre se queixaria de alguma coisa.
De facto, somos seres eminentemente imperfeitos e com insatisfação instalada, que acredito, estaremos em provação permanente, para consciencializarmos e distinguirmos o certo do errado, valorizarmos o tanto que detemos, discernirmos os reais valores que devem nortear os nossos destinos, e sermos gratos pela oportunidade que nos é concedida ... simplesmente de EXISTIR ...

E existir, é de facto alguma coisa de uma dimensão e de uma grandiosidade tal, com que somos bafejados, da qual frequentemente nos distraímos, numa postura errática, injusta e ingrata.

Existir é podermos acordar, extasiarmo-nos com as pequenas coisas que nos rodeiam ;  podermos sentir no coração emoções e sentimentos que não se descrevem ;  ter a liberdade de talhar diariamente os nossos caminhos, livremente, numa aprendizagem crescente no sentido de um aperfeiçoamento, de um enriquecimento, da compreensão, tolerância, disponibilidade, capacidade de perdão e compaixão, de uma melhoria integral, como  "GENTE" aqui largada, com todas as responsabilidades de o sermos.

E ser "GENTE", só por si, já é um privilégio que nunca nos perguntamos se merecemos ...

Ser  GENTE  é  sentir  a  emoção  de  partilhar  um nascer e  um  pôr-do-sol ;
é poder aspirar o aroma das flores ;  aquelas que despontam até no meio das pedras, e aquelas com que o Homem embeleza os seus espaços ;
é deixar-se encharcar pelas chuvadas, para depois perceber que o calor do astro-rei está lá,  para o envolver de novo ;
é tomar uma pomba nas mãos, e vê-la seguir pelo espaço, adquirida a liberdade ;
é extasiar-se pelo planar sonolento do condor, sobre os rochedos do Grand Canyon ;
é admirar a liberdade despudorada da gaivota, de asas estendidas por sobre a aragem ;
é escutar o som dos pássaros na alvorada, e das águas nos rochedos, em dias de mar zangado, ou o seu sussurrar em areias mansas ...
é olhar com ternura e respeito as mãos descarnadas de um velho, que tem Vida para contar ;
é sentir o milagre estampado no rosto de uma criança de riso fácil, atrás daquela borboleta "fujona" ;

Ser GENTE é esbanjar amor, é ter amigos, amores, amantes, gente nossa, e também os que nos sorriem sem sequer nos conhecerem ...
ser GENTE é também chorar, e muito, é cair para nos levantarmos a seguir, sabendo que se não o conseguirmos, haverá sempre uma mão lá estendida, para nos erguer ...
é acreditar que não somos capazes, e que não vale a pena ... mas no instante seguinte, percebermos que a Vida é "demasiado", para se desperdiçar !...

Ser GENTE, sobretudo, é aprender a viver !...

O meu "clã"  hoje aniversaria em dobro.
Mãe e filho mais velho, nascidos no mesmo dia, com vinte e oito anos de diferença !

Sempre me emociono a pensar como foi, o que é ... como será ?!   Os tais desígnios insondáveis, que são os caminhos do Homem ...

E o facto de ver aquela menininha loira, de caracóis, franzina, de "porcelana", com ar de boneca de brincar, a  beirar os  quarenta  anos, parece-me uma  história  mal contada, uma "treta" do correr desenfreado do tempo !...
Como pode ser, ter passado tanto, desde que ao porem-ma pela primeira vez nos braços, a olhei ... e foi luz, muita luz, claridade e sol, que lhe vi no rosto ??!!...
"Cláudia" o nome que lhe escolhi na hora ;  sem erro, sem dúvida, sem indecisão, porque "Cláudia" me transmite até hoje, isso mesmo ... um caminho de luz, um caminho em direcção ao sol e por isso, um caminho de paz !...

O António nasceu vinte e oito anos depois ;  o rosto, bem próximo do da mãe ;
o ar sereno e compenetrado de quase um pré-adolescente, lembra-me constantemente tudo aquilo que escrevi  neste  post :

A vida é "demasiado", para se desperdiçar, e todos os dias vale a pena ser vivida !!!...

Anamar 

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