sábado, 3 de novembro de 2012

" O EMBALO DE IEMANJÁ "



"Amarantine"...... lança  Énya  aos  meus  ouvidos ... "love,  is  love,  is  love !"...

Por  que será que me apetece falar em falsidade ??

A falsidade, um dos sentimentos mais preversos e mesquinhos do ser humano, penso.
A falsidade pressupõe disparidade, entre quem ela se estabelece.
Pressupõe que alguém mente, e por isso é falso, e que alguém é enganado, porque não teve capacidade para se defender dessa mentira.

E normalmente essa incapacidade defensiva, resulta da boa-fé, do acreditar, da ingenuidade, até muitas vezes, do amor que une as partes envolvidas, ou melhor, que liga uma das partes envolvidas à outra, obviamente ... apenas.

A falsidade é uma constante da Vida, infelizmente.
O ser humano é ignóbil e monstruoso muitas vezes, e também muitas vezes em seu benefício, sem se dar conta dos "estragos" que causa !
É uma postura comodista sem dúvida, muitas vezes estudada, trabalhada, calculada, o que a torna mais maquiavélica, o que lhe confere um diabolismo desumano !

Usa-se falsidade em relações pessoais, profissionais, sociais, políticas, afectivas ...
Eu diria parecer ser afinal, um "motor de mobilidade" na vida humana, o que é de facto, triste, muito triste !...

Sobre a falsidade nas relações afectivas, já fiz sobejas abordagens por aqui, desde os primórdios deste meu espaço.
Mas, porque é algo que me mexe, me incomoda e me confunde, sou por vezes levada a insistir, por ser um tema que, para a forma como me posiciono na vida, se me impõe, até porque infelizmente, com ele "topo" em recorrência, não o entendo, não o acho necessário em nenhuma circunstância, nem o aceito.

A  falsidade neste domínio chama-se "traição".   E pessoas que atraiçoam, não merecem sequer experimentar a confiança, o amor e a dedicação de quem traem.

A traição é um punhal que se enterra nas costas de alguém, quando esse alguém está exactamente "de costas", sem nenhuma capacidade defensiva.
É portanto um acto de cobardia pura.
É postura de quem não tem frontalidade, coragem, verticalidade, de quem não se pauta por transparência, verdade e lisura.

Trai-se gratuitamente, e para nada  ...  Apenas se acarretam dividendos nojentos, para quem trai, e dor, mágoa e inferno, para a alma de quem é traído !
Penso que é das maiores, e mais destrutivas afrontas que um ser humano pode infligir a outro !

Para trair, um lobo veste a pele de cordeiro, uma meretriz veste a pele de donzela, um vilão mascara-se de "bom rapaz " ...
É uma técnica perfeita de dissimulação e camuflagem ;  lembra a serpente que no deserto espera a presa, de tocaia, aguardando apenas a hora de "dar o bote" ;  ou então, quando a atrai, por técnicas de sedução e mentira.  Quando se dá conta, o veneno mortal já foi inoculado, e nada mais há a fazer ...
Lembra a aranha, cuja teia é um  "véu de noiva" que cintila ao sol, diáfano e prometedor, e onde imóvel e silenciosamente  espera,  que o próximo insecto enrede nela se enrede ...

A traição começa quase sempre por um método de sedução, um processo de maquilhagem ... É uma forma perfeita de "travestismo".
Assenta na confiança adquirida, no envolvimento que se estabelece, no canto da sereia que embevece os ouvidos do pescador, em alto mar, no embalo de Iemanjá, nos corações que arrasta com ela, para as profundezas dos oceanos ...

E depois, não serve rigorosamente para nada ...
É um caminho ínvio e dolorido, que só beneficia, acredito,  mentes doentes e perturbadas, que nem conseguem ter a percepção, da destruição que provocam no seu semelhante ...

E assim se dilaceram  corações, e assim se "matam" pessoas, e assim se aniquilam,  muitas vezes irreversivel e cobardemente, seres mais fracos, menos ardilosos, menos defendidos ...  seres que enjeitam estas formas de vivência com o seu semelhante, seja em que vertente for, sendo que,  muito mais magoada, se o for na vertente emocional, que é dos principais, senão o principal pilar de sustentação do ser humano !...

                                  
 
Anamar

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