terça-feira, 23 de setembro de 2008

"A MAIOR IRONIA DA VIDA..."




Acho que estou a ficar prematuramente cansada, neste início de mais um ano lectivo.

Senão vejamos: por esta hora, começava a raiar para mim uma madrugada bem "curtida", sem custos adicionais, que é como quem diz...como os "gambuzinos", a minha vida fazia-se mais equilibradamente no silêncio, na interioridade, no intimismo até, do meu quarto, partilhado de mim para mim, dividido com a escrita, a música baixa que me inundava e a certeza de não estar só, parecendo está-lo.
Pois bem, ando a verificar que de há uns tempos a esta parte, o sono devassa-me, as ideias atraiçoam-me porque se esvaem, a vontade acena-me para a cama já preparada para me receber.

Não gosto disto; parece-me sinal de alguma exaustão, precoce demais para o adiantado do ano, o que pode denotar algo preocupante...
Até porque, escrever, para mim, é, como já tenho dito, quase uma função biológica que me não pode ser amputada.

Hoje recebi um mail de origem brasileira, o que só por si, não abona muito em matéria de construção gramatical, já não falando dos inerentes "atropelos" linguísticos" no que concerne à correcção de escrita.

Mas ao lê-lo, a objectividade do seu conteúdo, levou-me a pesquisar uma forma prática de vo-lo apresentar.
Assim, exibirei no final desta minha pequena dissertação, um vídeo com esse texto.

Na verdade nada de novo ele nos traz.
Antes, é uma constatação que sempre desfilou pelos nossos olhos, que todos conhecemos, consciencializamos, mas por defesa, sempre afastamos de nós.
A MORTE, como a maior, mais injusta, mais ridícula, mais estupefacta ironia da VIDA...

A morte, que nos cai "no prato" como aquela mosca inconveniente no auge duma refeição espectacular...

A morte, que sem se anunciar, vai entrando e devassando os nossos desígnios, sem nenhum pudor e sem pedir licença...

E tão inadequada e abusadora é, que sempre nos deixa boquiabertos perante a imutabilidade de tudo, no dia seguinte.
A Terra continua na Via Láctea impávida e serena, o Sol acorda e recosta-se ao fim do dia, as estrelas sobem no firmamento, já não falando nas flores que desabrocham, nas águas que correm, nas crianças que dão risadas...nas pessoas que se amam...

E nos que nascem, exactamente naquele famigerado momento em que mais um lugar ficou vago...

E a luta braço a braço, ombro a ombro, pela disputa de tudo e de nada, continua visceral, sanguínea, implacável, irredutível...
Quanta ironia mesmo!!...

O "carpe diem", única certeza e direito de que dispomos por cada dia que nos é concedido, deveria ir muito para além de boas intenções, frases feitas, moralidades balofas, princípios de vida.
Deveríamos mesmo interiorizar aquela outra frase tão verdadeira, quanto aparentemente distante : "Para morrer, basta estar vivo", e começar a "arrumar" de facto, as nossas "gavetas", a ordenar de facto, os nossos "trastes", a juntar de facto, os nossos pedaços espalhados por aí, a dizer de facto, tudo o que for preciso para que nada se leve entalado na garganta, juntamente com o arrependimento de nunca o termos dito, a amar muito e p'ra valer, a perdoar e esquecer o que nos amachucou, a viver, sorvendo, cada instante irrepetível de que dispomos...

enfim, porque a "tal ironia" é certa e está por aí à nossa espera...


Anamar

2 comentários:

Anónimo disse...

Sublime homenagem a Mário Ruas Alves


Hoje vou-me pintar.
As unhas, os ohos, os lábios.
Vou tirar os óculos
para parecer mais sexy.

Hoje vou-me travestizar
e atirar-te para as fuças
apenas barquinhos com cara de puta

Hoje vou-me vestir
apenas para te matar


Ruy Cinnati

anamar disse...

Obrigada
Anamar