

Há pouco "repeguei" um post que escrevi há dias...uma história ficcionada, cujo contexto se prende com algo de que muito tenho falado...o percurso inexorável do tempo.
O tempo, polvo de tentáculos gigantes, o qual, inapelável e utopicamente por vezes pensamos poder enfrentar...
Alguém hoje na escola me perguntou, se eu já havia ouvido o tema imortal do não menos imortal Léo Ferré (ícone pessoal, ideológico, político, social, de uma época, de uma geração, de uma sociedade...)..."Avec le temps".
E "Avec le temps" parecia prender-se direitinho com tudo o que eu havia escrito anteriormente; parecia fazer uma "ponte" perfeita com tudo isso, e com o que já muitas vezes, melancolicamente por aqui deixei.
O tempo... impiedoso, carrasco, juíz...
O tempo, o adversário mais injusto e desleal que eu conheço...Aquele que "tudo traz e tudo leva" sempre a sorrir de escárnio na nossa cara, aquele que em si desvanece e arrasta na poeira do esquecimento tudo o que era inesquecível!
As grandes dores, os grandes sonhos, os grandes afectos...a fé e o acreditar em marcos indestrutíveis, a certeza em sentimentos inabaláveis...o crer em amores sem tamanho...tudo é efémero frente ao "gigante"!
E qual areia escoada por entre os dedos de uma mão, a única coisa que nos é permitida é que a memória nos seja fiel até ao fim...
O único legado que nos é deixado, é o que se arquiva com o fogo da alma na nossa "caixinha" mágica (aquela onde se vão projectando as "reprises")...
A única dádiva que podemos aceitar, é que pelo menos uma doçura magoada nos inunde, e como velas no vento, resista e nos "alimente" até que "o pano caia".
"Avec le temps, va, tout s'en va...avec le temps on n'aime plus..." Ferré devia saber do que falava...
Anamar
Sem comentários:
Enviar um comentário