segunda-feira, 15 de setembro de 2008

"UMA DOÇURA MAGOADA..."






Há pouco "repeguei" um post que escrevi há dias...uma história ficcionada, cujo contexto se prende com algo de que muito tenho falado...o percurso inexorável do tempo.
O tempo, polvo de tentáculos gigantes, o qual, inapelável e utopicamente por vezes pensamos poder enfrentar...

Alguém hoje na escola me perguntou, se eu já havia ouvido o tema imortal do não menos imortal Léo Ferré (ícone pessoal, ideológico, político, social, de uma época, de uma geração, de uma sociedade...)..."Avec le temps".

E "Avec le temps" parecia prender-se direitinho com tudo o que eu havia escrito anteriormente; parecia fazer uma "ponte" perfeita com tudo isso, e com o que já muitas vezes, melancolicamente por aqui deixei.

O tempo... impiedoso, carrasco, juíz...
O tempo, o adversário mais injusto e desleal que eu conheço...Aquele que "tudo traz e tudo leva" sempre a sorrir de escárnio na nossa cara, aquele que em si desvanece e arrasta na poeira do esquecimento tudo o que era inesquecível!
As grandes dores, os grandes sonhos, os grandes afectos...a fé e o acreditar em marcos indestrutíveis, a certeza em sentimentos inabaláveis...o crer em amores sem tamanho...tudo é efémero frente ao "gigante"!

E qual areia escoada por entre os dedos de uma mão, a única coisa que nos é permitida é que a memória nos seja fiel até ao fim...
O único legado que nos é deixado, é o que se arquiva com o fogo da alma na nossa "caixinha" mágica (aquela onde se vão projectando as "reprises")...
A única dádiva que podemos aceitar, é que pelo menos uma doçura magoada nos inunde, e como velas no vento, resista e nos "alimente" até que "o pano caia".

"Avec le temps, va, tout s'en va...avec le temps on n'aime plus..." Ferré devia saber do que falava...


Anamar

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