domingo, 7 de setembro de 2008

"NÃO LAMENTES O QUE FOI..."



Quase "pegava" o hoje com o ontem, pela hora.

Quando "recolhi", já o dia (de hoje)...ou melhor...de ontem...(que grande salsada!!)...ameaçava timidamente espreitar. Eram quase cinco da manhã!
Estas noites de pestana escancarada, de silêncios profundos (toda a gente já dormia no meu prédio), de música que não dispenso, contêm os "condimentos" mais que necessários para ir ficando, numa preguiça boa, numa converseta de mim para mim, num deambular por tudo ou talvez por nada.

Li algures qualquer coisa como isto : "Não chores pelo que aconteceu...sorri por ter acontecido..."

Interiorizar esta frase e o que lhe está subjacente é um acto de maturidade e crescimento, penso.
Sempre temos tendência a lamentar o que se foi, se foi bom...Sempre queremos, porque queremos, perpetuar alguma coisa a cuja perda tendemos a resistir.
Sempre queremos estender passados a presentes, na pressa de chegar a futuros, ignorando que o que aconteceu teve hora, espaço, ocasião para acontecer, e prolongá-lo compulsivamente, pode significar simplesmente adulterá-lo, maculá-lo...estragá-lo.

O que foi...tal como o tempo verbal acusa...é passado.
Foi bom? Tanto melhor! Extraiamos disso o néctar doce que se possa extrair, sem mágoas, queixumes, azedumes que nos impeçam até de saborear a recordação...se só ela sobrou.
Quem se quis bem, estou em crer, jamais deixará de se querer...
Quem desenhou uma "história", sempre a lerá, esquecendo se calhar alguma pontuação, mas não esquecendo nunca o conteúdo...
Quem partilhou sentires, não deixará que eles fujam de uma das gavetas do coração...
Os pedaços de nós que ficaram espalhados, são peças do nosso "puzzle" de então, e por isso os devemos juntar com cuidado, com desvelo, para que o desdém e a raiva não nos impeçam de continuar a ver claro e nos levem a desvalorizar e esquecer aquilo que valeu a pena, foi bonito, mas teve o seu tempo...



Não lamentemos então nada...

Que possamos sorrir sempre docemente, com carinho, benevolência e aceitação, de tudo o que nos aconteceu, porque fosse o que fosse, foi consequência da bênção de estarmos vivos...


Anamar

2 comentários:

Barman disse...

dedução confusa sobre a nostalgia de quem se orgulha de nao ter aproveitado tudo da vida, mas tambem nao se arrepende do que passou.

resumindo : é bom não foi?

beijo

anamar disse...

Olá
Desta feita tenho que discordar rotundamente contigo.
Se leres com atenção o post que escrevi, nem ele traduz nostalgia de orgulho de não ter vivido tudo na vida, nem tão pouco se refere a arrependimentos de nada.
Ele refere aquelas situações tão comuns entre as pessoas, mesmo aquelas que partilharam vidas e história e que, porque de alguma forma, as vivências não são eternas e tendem a "rancorizar" esses afectos, a minimizar essas partilhas, a denegrir quantas vezes pessoas com as quais viveram pedaços que jamais deveriam ser esquecidos.
Assim, eu, que tentei provar de tudo na vida, que não enjeitei nada que ela me estendesse e para mim tivesse significado, penso que sempre deverei lembrar com alguma "gratidão", tudo quanto me foi disponibilizado por essa mesma vida e me proporcionou experiências enriquecedoras da minha própria pessoa...
Assim...ao contrário de "é bom não foi" que referes...o que eu digo é: "é tão bom...e sê-lo-á sempre" na minha memória e coração...entendes?
Beijinho
Anamar