quinta-feira, 27 de setembro de 2012

" CARTAS DE AMOR ... " :)))))



As minhas noites são muito engraçadas nos últimos tempos.
Acho que isto é o preâmbulo do fim ... rsrsrs.   Perceberão porquê !

Largo o computador - que nos últimos tempos me saturou, me irrita, de certa forma mexe comigo - bem cedo.
Já não vou tendo paciência para os pps  ou outros mails, correio personalizado é raro.  As pessoas não se escrevem.
Tendo percorrido algumas "capelinhas" obrigatórias, como lhes chamo, e não tendo também muita pachorra para paleio de messengers, porque pessoas interessantes vão rareando ( sinal dos tempos ), aí pelas dez da noite, desligo e vou para a cama.
Tenho bons filmes gravados, mas até esses, raramente vejo.   Limito-me a três ou quatro canais, daqueles em que a gente não precisa pensar, especo-me frente às imagens que vão desfilando pelos meus olhos  ( é certo que a cabeça, na maior parte das vezes, sem avisar, vai indo, e quando dou por ela, onde é que já vai !... ), até que,  muitas noites, começo a percepcionar os sons, a música ou as vozes, bem longe.
É quando  percebo que já estou entre as três e as quatro, ou dizendo melhor, entre a meia-noite e a uma, de certeza.
Olho o relógio e confirmo ... é certinho e direitinho !

Digo então para a Rita, que há muito dorme ao fundo da cama : " Vá Rita, horas de ó-ó !..."  ( a quem mais poderia eu dizer isto ?!... ) ;  ajeito as almofadas ao meu gosto, olho de novo o relógio, olho o quadro a óleo do meu pai, que está perto da minha cama, como num ritual de despedida, e apago a luz.
Última  e  felizmente, não tenho muito tempo para continuar a pensar em demasiadas coisas ( e "agradeço" por isso ) ...  Adormeço.

O meu sono é extremamente leve.  Sempre o foi.  Devem ser resquícios da "profissão" de mãe, com marido, que, desde as filhas chorarem, chamarem, ou cair a casa, nada o tirava do "doce aconchego", e por isso apercebo-me das voltas e voltinhas que dou na cama, pela noite fora, enrolando, que nem croquete no pão ralado.
O relógio biológico é impecável.  Acontece com frequência, noite após noite, olhar o mostrador luminoso, exactamente às mesmas horas, por exemplo, 2,22 ....
E além de constatar que na noite anterior, o mesmo se verificara, ainda tenho "tempo" para achar super gira, a pontaria assaz frequente, de os algarismos serem todos iguais ... Vejam para o que me dá!

Depois, aí pelas 3.30 h / 4 h, desperto mesmo. Desperto e percebo  que não adianta muito, persistir.
Ultimamente levanto-me, porque estranhamente nessas circunstâncias, a cama ganha "picos" .  Todos sabemos isso, creio.  E fazer o quê?
Volto ao computador.
Aí é uma hora engraçada.  É a hora de perscrutar a noite, olhar o Mundo, deste lado.
A maior parte das pessoas, porque são normais ainda, estarão em "vale de lençóis", como cabe a qualquer cidadão, que não tenha motivos que o arranquem ao descanso óbvio.
Normalmente "vejo" apenas, porque evito interromper, um amigo cujo ritmo eu sei  ser exactamente notívago, que é "militante" do FB.
Há outro que "cruza" trabalho ( diz ele ), com a minha insónia, e se assim for, encalho por ali um bocado.
A última, mas não frequente alternativa, é "palear" com alguém do outro lado do Mundo, a partir de Dallas, Estados Unidos, que devido à diferença de fuso, tem seis horas a menos, e portanto está em pleno pós-jantar.
E quando dou por mim ( esta noite por exemplo ), eram seis da manhã !
Consciencializei que cada vez estou pior, que a essa hora muitos cidadãos úteis e trabalhadores deste país, já caminham para os combóios rumando a Lisboa ( aliás a circulação dos combóios já se ouve distintamente da minha casa, perto da estação ) ... que daí a pouco as criancinhas de escolas e colégios estão quase a saltar das camas, a duras penas, que a luz do sol ou não, não demorará a clarear o firmamento.
E com algum cansaço então, regresso à cama que me volta a saber bem, e consigo dormir mais umas três ou quatro horinhas.
Enfim, no cômputo global, fiz uma noite de sono, em duas fatias.   Claro que agora, que é uma da tarde, é que me está a dar a "pedrada" da insónia, e começo a ficar rabugenta como os miúdos ...

Dizia eu no princípio, que este "festival" é o preâmbulo do fim.
Isto, porque segundo se diz e se sabe, à medida que os anos avançam, a necessidade de sono diminui, parecendo que o organismo, não querendo desperdiçar os últimos cartuchos da vida, tenta rentabilizá-los, mantendo-nos mais tempo acordados, para os aproveitarmos o melhor possível.
Às vezes "o pior possível ", diria ...  Mas claro, isto é o meu mau feitio, como se sabe !

Dizia eu também, que graças às novas tecnologias, as pessoas não se escrevem ...
Este é um dos sinais mais tristes dos tempos, acho .
Lembro o tempo das grandes missivas, manuscritas ;  lembro o tempo dos postais dos correios ( quando havia menos a dizer ), dos aerogramas no tempo da Guerra Colonial, dos envelopes emoldurados com aquela cercadura de riscas enviesadas, vermelhas e verdes do correio aéreo, para o estrangeiro ...  o tempo das Boas Festas, religiosamente enviadas a familiares e amigos, pelo Natal ( no tempo em que os cartõezinhos eram baratos e a franquia também ) ... e faziam-se listas dos destinatários, não esquecêssemos alguém ...
Se estávamos de luto, os cartões de visita e os respectivos envelopes,  à  semelhança  dos  "fumos"  nas  mangas  dos casacos   ( quem não lembra ? ), eram contornados com cercadura preta ; mais larga se o luto era recente, mais fina, se já se aliviava...ou se o grau de parentesco não era tão próximo ...
Lembro o tempo em que se parabenizavam as crianças e os adultos, pelos aniversários, pelos eventos relevantes da vida ... tudo pelo Correio, tudo com letrinha mais ou menos desenhada, mais ou menos legível, mais ou menos rabiscada ...
Lembro com saudade o tempo das cartas de amor, epístolas intermináveis, também mais ou menos "inflamadas", contendo  poemas  às  vezes,  florzinhas  secas  também,  a marca  do  bâton dos lábios, em jeito de despedida !...
E lembro o tempo em que a chegada do carteiro se aguardava com desejo, curiosidade e alegria, com frequência.
Em que se olhava para o chão junto à porta da rua, porque em portas onde não existia caixa, o correio era metido por debaixo da dita ...
E os carteiros eram muito mais simpáticos, porque não nos traziam só  contas  para  pagarmos ... aliás,  as  contas  nem  vinham  pelo  correio !
Hoje, o abrir da caixa do correio é diariamente um susto, um filme de terror, porque nunca se prevê nada de bom .... rsrsrs !!!

Bem, vou ficar por aqui.
Esta "viagem" de nostalgia, está a fazer-me sentir dinossáurica, melancólica, saudosa ... Se calhar mais cinzenta que este dia nada prometedor, que faz lá fora !...

E tudo isto, porque, p'ra variar, me comuniquei despersonalisticamente, mais uma vez esta noite, com uma pantalha à frente do nariz, com o "éter" de permeio, com quilómetros galgados mais depressa do que se me transportasse nas asas de uma borboleta monarca, em plena migração !...
Porque uma coisa que chamam de Internet, rouba despudoradamente todos os dias, o lugar aos carteiros, e ao romantismo dos corações de antanho !!!...




Anamar

2 comentários:

Anónimo disse...

Lembro-me disso tudo que escreves, e lembrei-me que, quando era criança, a minha profissão de sonho era a de carteiro, que nessa altura ainda batia à porta para entregar as cartas - que para mim eram sempre uma coisa boa - e o carteiro, neceessariamente, receberia sempre um sorriso do destinatário...
Malmequer

anamar disse...

Olá Malmequer

Só agora vi o teu comentário, desculpa.

Ao lerem-me, os jovens de hoje, das eras das novas e estrondosas tecnologias, devem achar que não passaríamos de seres dinossáuricos .... se calhar como nós achamos os do novo milénio muito "à frente" de marcianos....rsrsrs

Beijinhos grandes e obrigada

Anamar