tempo das macieiras florirem,
foi tempo das tâmaras tombarem, amarelecidas nos cachos ...
e das margaridas silvestres terem pétalas rosa, brancas e amarelas ...
das violetas da Serra morrerem, porque foram arrancadas da Serra,
das mimosas perderem o ouro com que se vestiam, e as madressilvas, o cheiro com que se perfumavam ...
Simplesmente porque já foi tempo !...
Foi tempo em que eu sabia as tuas mãos,
cada centímetro do teu corpo e a tua gargalhada ...
Sabia o teu cheiro e o teu calor,
e o desenho que fazias na minha cama ...
E até sabia se rias ou se choravas por dentro,
só por ouvir a tua voz !
Foi tempo em que as rochas eram grutas,
e as árvores, nichos ...
Mas o alcantilado da arriba, onde o vento era livre, o sol perseguia a sombra das gaivotas ...sempre !
Nunca se escondia ...
Era Mundo aberto para outros Mundos ...
Foi tempo de relógio a correr rápido, depois mais devagar,
e mais devagar ainda ... até parar ...
E foi aí que deixou de ser tempo !...
Foi tempo de pôres-de-sol vermelhos, com braseiro aceso,
igual ao braseiro que ficou no buraco do coração ...
Foi tempo de rir, depois foi tempo de calar, e depois foi tempo de chorar,
porque foi tempo de acreditar, de esperar e de desesperar ...
E por que é que o tempo tem que ser sempre assim?!
Um tempo que escurece cedo, com a mania que é quase Inverno ??!!...
E de repente o areal fica vazio ... e até as pedras tombam, para que não lembrem locais ...
Odeio o tempo das encruzilhadas,
o tempo dos caminhos tortuosos e confusos,
que sempre vão ter a caminhos que não são caminhos, porque não têm princípio nem fim !
Odeio o tempo dos cansaços e da desesperança,
porque são mortes anunciadas ...
E odeio os silêncios porque as palavras secaram ...
E eu preciso de palavras, para viver ...
Mas até para viver é preciso haver tempo ...
E eu acho que para mim,
simplesmaente ... JÁ FOI TEMPO !!!...
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