terça-feira, 5 de julho de 2011

DIA 6


Hoje falo-vos de eternidade!
Como não falar de eternidade, num local onde ela nos impregna a alma??!!

Hoje fui "catar" corais junto à rebentação quase inexistente, dum mar manso e profundamente azul.
Praia absolutamente deserta, silêncio absolutamente total, interioridade absolutamente imposta por uma natureza pujante e pródiga.
Apenas o vento nos meus cabelos, com toda a permissão do mundo para despenteá-los, água que vai, água que vem, naquele barulhinho lânguido por entre as rochas, ali a esmo espalhadas...

Foi então que pensei uma vez mais na tal eternidade.

Muitas vezes nela reflecti pelas mais variadas razões, nos mais variados locais...já aqui o expus, lá para trás.
Sempre o fiz em momentos nos quais sou "retirada" deste mundo, pela sua esmagadora simplicidade e sumptuosidade.
Nela pensei, olhando as pedras de histórias, de castelos de tanta História... Nela meditei perdidamente, no vaivém do oceano, no alto duma falésia... Nela me deixei ir, nos horizontes sem horizonte das "minhas searas" no maduro do Verão, nas terras do sul....
Ou simplesmente olhando o voo altaneiro da águia real, ou a liberdade sem limites da minha gaivota, quando resolve lembrar-se de mim...

Mas sempre em todos os sítios, circunstâncias, motivos...fico reduzida a um grão de areia, fico confrontada mais e mais com a minha pequenez, com o efémero de tudo isto, com a insignificância do Homem, neste universo mágico que habita!

Pensava eu, olhando os pedaços de coral arrastados para a areia, pelas marés de séculos : "onde estiveram eles até chegar aqui? Por eles terão passado muitas e muitas espécies, muitos e muitos seres vivos, multicores ou não, de luz ou de sombra!!! Que histórias dos jardins proibidos, me contariam, se o pudessem??!!...

E agora...agora que foram jogados, pela aleatoriedade de uma maré que os trouxe aqui, neste pedaço deste planeta, desta galáxia, deste Universo??...
Agora, ali depositados, esperam de peito feito, ventos e marés, Invernos depois de Verões, tempestades depois de acalmias...e vão-se reduzindo ao tal grão de areia, em que se transformarão daqui a eternidades de novo...

E tudo começará!...

O mar vai reencontrá-los; provavelmente os jardins das profundezas lá estarão à espera...e tudo irá começar outra  vez!!
Eles, como nós, aguardamos paciente e esperançosamente na nossa praia... porque "o sonho é uma coisa muito séria" - diz o pacote de açúcar com que acabei de adoçar o meu café, nesta tarde de fim de Junho, nas Île Maurice...Oceano Índico...Planeta Terra!!....

Anamar

1 comentário:

Jonas disse...

Como é possivel, tanto desencanto num cenario paradisiaco?