sábado, 23 de julho de 2011

OS "BOMBEIROS" DAS NOSSAS VIDAS


Pois bem... hoje falo-vos de algo que me tocou profundamente nestes últimos dias.

Algo que não me surpreendeu completamente, mas que ainda assim, me aqueceu o coração, me emocionou, me fez sentir a mulher mais "sortuda" à face da Terra!

Dei a conhecer aqui neste meu espaço de introspecção, de desabafo, de "arrego", todas as aflições que venho sentindo na minha vida, no que concerne à saúde da minha "velhota".

O dia a dia das pessoas é complexo, é preenchido, é extremamente ocupado e consequentemente a sociedade em que vivemos é duma forma geral, de indiferentismo, de anonimato, de quase ostracização nas células habitacionais que ocupamos, que diremos na rua, no bairro, na cidade!...

Nem mesmo os núcleos familiares, por vezes se podem compadecer com os problemas individuais, e por isso o isolamento grassa, o desconhecimento de como está o meu vizinho, o meu condómino, o meu confrade é total!

Corre-se de manhã à noite, a disponibilidade torna-se indisponibilidade... a paciência e a solidariedade desaparecem.
Vivemos, como sabemos, numa sociedade desumanizada e egoísta!

Pois, é neste contexto que efectivamente entram nas nossas vidas, uns "serzinhos" que nem sempre se mostram, mas que, se são dos "bons", nestas alturas nunca nos deixam carpir as mágoas sozinhos.
Os AMIGOS, aqueles com maiúsculas, aqueles absolutamente incondicionais, os "bombeiros" dos nossos destinos.
Quais arautos das nossas vidas estão sempre lá, mesmo quando já não nos falávamos há tempos, mesmo quando os atropelos do dia a dia não nos deixam margem para nos vermos, rirmos ou chorarmos.

Os "cordõezinhos invisíveis" dos afectos, como a Lena diz e eu gosto, nunca se rasgam, são de uma teia resistente e inquebrável aos "tsunamis" das nossas existências...

E foi isso que de repente eu tive junto de mim, nos últimos dias... provas inestimáveis, provas inesquecíveis... provas sem preço contabilizável, porque a amizade, o amor, o afecto, duma forma geral não se medem pelos valores dos humanos!...

E lembrei PESSOA... como não??... Lembrei o MESTRE, nesta sua "Dedicatória aos Amigos", que dedico a todos quantos, se calhar duma forma que eu não mereço, me continuam a dar o privilégio de lhes ser uma AMIGA... porque... "A vida une e separa as pessoas, mas nenhuma força é tão grande para fazer esquecer pessoas que por algum motivo um dia nos fizeram felizes!"...


Fernando Pessoa - "Dedicatória aos Amigos..."

Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Até que os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo.... Um dia os nossos filhos vão ver as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto! "
Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes desde aquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo..... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida te passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!" 


Anamar

1 comentário:

Anónimo disse...

Minha cara Anamar, O seu Mestre sofria de multipla personalidade.
Não o imite, demonstra ser um ser sensivel inteligente e doce, acompanho o se blogue com assiduidade, gosto da forma como escreve. Parabens