quarta-feira, 13 de maio de 2020

" AQUI DA MINHA JANELA " - HISTÓRIA DE UM PESADELO - Dia 63






No sexagésimo terceiro dia de confinamento, aqui estou eu sem saber que contributo posso deixar, que se justifique ou valha a pena.

Entretanto chegou-me às mãos um vídeo absolutamente espectacular, pragmático e assertivo de Mia Couto, um escritor inteiro, frontal, vertical, modesto  nas palavras que debita, como se das suas palavras dependesse o critério de GRANDE  HOMEM  e  GRANDE  SENHOR  DAS  LETRAS, com que todos o conhecemos e justamente devemos honrar, agradecendo o facto de ele efectivamente o ser !

Achei interessante porque, além de estar fabulosamente bem escrito, o seu texto aborda algo que vem na sequência do que deixei aqui expresso na minha história de ontem : o Medo !
O medo e o papel imobilizante que ele tem nas nossas vidas...
O medo e as suas intenções mais macabras e dissimuladas ...
O medo manipulador e a forma como ele se infiltra, mina e alcança ... muitas vezes com objectivos inomináveis !
O medo introduzido orquestradamente, quantas vezes ... e quantas vezes ele subjuga, domina e anula vontades, coragem e decisões !
O medo-arma ... o medo-intenção ... o medo-fim !

Nada mais a propósito  e gratificante portanto, numa fase de todo este figurino de vida que nos atormenta e destrói e em que de um modo geral todos já sentimos claramente no corpo e na mente, os efeitos colaterais desgastantes e destruidores deste maldito vírus ... do que podermos escutar quem sabe !
Todos, no reinício de uma aproximação à normalidade da vida lá fora, falam agora no desajuste das posturas, no desconforto das emoções, na aflição que se sente com premência, e numa quase inaptidão de retoma da vida,  quando confrontados com a realidade além das nossas quatro paredes protectoras.
E todos sentimos por isso, um Medo acrescido. 

Desse medo fala magistralmente Mia Couto, e com ele e com as suas palavras me despeço hoje .

Até amanhã !  Fiquem bem, por favor !

Anamar

Sem comentários: