Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento... É de mim, para todos, mas também para ninguém... É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...

domingo, 24 de maio de 2020
" AQUI DA MINHA JANELA " - HISTÓRIA DE UM PESADELO - Dia 74
Já perceberam claramente que a minha crónica em episódios diários sobre a pandemia da Covid 19, que me propus ir escrevendo ( "aqui da minha janela" metaforicamente falando ), e que iniciei lá atrás num belo dia de Fevereiro deste ano 2020 ... atingiu a sua recta final.
Comecei a escrever estes textos quando exactamente me auto-confinei em casa, antes ainda das estruturas governamentais e de saúde, o haverem determinado.
Eram uma forma de auto-ajuda, uma ocupação do tempo infinito que nos sobrava nos dias, uma forma de comunicar com o exterior, e extra-muros alcançar os amigos, os conhecidos, os afectos tão loucamente distantes, os que estavam , como eu, em desânimo e sofrimento...
Eram uma forma de, sentindo-nos na mesma barca, nos escorarmos e ficarmos mais fortes e corajosos !
Eram uma mensagem de presença, de apoio e de coragem !...
Vivia-se então um tempo terrível, dolorido, inseguro, angustiante, em que a realidade que nos chegava de além fronteiras, dos países que já estavam a ser fortemente fustigados sem dó nem piedade pelo vírus desgovernado ( China, Itália e depois Espanha ), era aterradora.
Sabia-se de Wuhan, sabia-se de Itália, sobretudo da Lombardia ... sabia-se de Madrid, aqui logo ao lado ... e ia-se sabendo mais e mais, porque tudo era como um rastilho de pólvora que incendiado, avançava incontido e carrasco ...
Sabia-se do pesadelo a viver-se em hospitais em ruptura, com técnicos de saúde exaustos e sem "ferramentas" suficientes para acudirem ao pandemónio instalado ...
Sabia-se do medo que tolheu as pessoas, as famílias, que bloqueou as fronteiras, que fechou as escolas ... que parou o país, no que parecia ser uma espécie de fim de linha ...
E foi-se sabendo da necessidade de resistir e de driblar um vírus desrespeitoso e assassino.
Foi-se sabendo da necessidade de nos reinventarmos ... como o Mundo se reinventava. Da necessidade de criarmos um mundo novo, de alternativas para a sobrevivência ... num mundo onde a desistência não cabia !
Fomos sabendo de valores há muito esquecidos, como a solidariedade, o amor, a entreajuda, a cumplicidade ... e reaprendemos palavras e gestos para os quais habitualmente não tínhamos tempo.
Fomos escutando a linguagem da Terra e a do coração também.
E fomos indo, de emergência em emergência, em calamidade e por aí adiante, numa sociedade que tem dado provas de responsabilidade e maturidade ... de seriedade e sacrifício pelo indivíduo e pelo colectivo, com resultados, felizmente, animadores.
Olhando hoje para o panorama mundial, de leste a oeste, de norte a sul, a realidade sanitária que nos chega, permite-nos respirar por aqui, com um mínimo de tranquilidade ou de pelo menos, menor sobressalto !
Entrámos no desconfinamento real e objectivo, na trilha do alcance de uma vida com a normalidade possível. Esta última semana de Maio, "fecha as contas" das medidas implementadas.
Segunda-feira 1 de Junho, será a grande abertura de portas para aquilo que residualmente ainda estava encerrado, impulsionando-se aos poucos, mais e mais, a recuperação difícil e muito lenta da economia do país, afundada que está como a de todos os outros ...
Estamos portanto a tentar renascer, a tentar respirar outra vez ... e a tentar reaprender o caminho de regresso à Vida !....
Ontem, ao voltar da caminhada, pude observar uma vez mais, surpresa, a capacidade criativa da nossa gente.
À porta de casa, numa estrada de circulação normal, e sem demais problemas, uma família criou uma "praia" para as suas crianças ... 😃😃😃... sem terreno dimensionado, sem acrílico separador ... sem outras preocupações ... na velha máxima de que "quem não tem cão, caça com gato" !!!....
Somos ou não somos bons, a criar rápida e eficientemente alternativas ???!!!...
Adorei !!!...
Até amanhã ! Fiquem bem, por favor !
Anamar
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